
Informação, maior acesso aos
serviços de saúde, vacinação contra o HPV e campanhas preventivas podem reduzir
os números da doença no país
Ao longo de 2023, o CECAN-
Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba registrou 32 novos casos de câncer
do colo de útero. No ano seguinte, 2024, o número de ocorrências saltou para
48. Um expressivo aumento de 50% em apenas um ano, atingindo mulheres na faixa
etária dos 48 aos 51 anos.
Para o oncologista Fernando
Medina, diretor do CECAN, o crescimento é significativo e merece atenção. Ele
explica que a média de idade está consistente com os padrões nacionais e
internacionais, mas alerta para a importância de avaliar se este aumento se
deve à maior eficiência na detecção da doença, à melhora no sistema de registro
dos casos, ao aumento real de casos ou à possível subnotificação da doença no
ano anterior.
Considerando que o sistema de
atendimento à saúde se manteve o mesmo, Medina acredita que os números atuais
possam decorrer de um possível atraso diagnóstico durante períodos anteriores,
da maior conscientização da população sobre a necessidade de rastreamento ou
ainda da maior efetividade dos programas de rastreamento do câncer de colo
uterino na atenção básica.
Ele considera ainda a
necessidade de avaliar as características socioeconômicas da cidade, inserida
em uma das regiões mais desenvolvidas do Brasil, com maior acesso à informação
e aos serviços de saúde na região, o que amplia a capacidade de diagnóstico
precoce da doença. O oncologista lembra também que o CECAN é referência
regional em assistência oncológica e seus números, portanto, podem ser
impactados por possíveis mudanças no sistema de referenciamento regional e
também pelo estágio do câncer, uma vez que a Unidade atende também à alta
complexidade.
Segundo ele, o controle e
prevenção da doença exigem a análise de todos os aspectos de sua ocorrência,
pois o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre
mulheres no Brasil e o quarto mais comum na população feminina do mundo todo, à
exceção dos países desenvolvidos, onde a incidência tende a ser menor devido à
programas de rastreamento mais efetivos.
No Brasil como um todo, o
câncer do colo de útero sofreu aumento de 25% entre os anos de 2023 e 2024,
conforme dados do INCA- Instituto Nacional do Câncer. Medina conta que as
causas para essa elevação ainda estão sendo investigadas, mas alguns fatores podem
estar contribuindo. São exemplos a baixa adesão à vacinação contra o HPV,
altamente eficaz na prevenção do câncer de colo do útero; redução na realização
do exame preventivo (Papanicolau) nos últimos anos devido também à pandemia da
Covid 19; falta de acesso aos serviços de saúde e desinformação e diagnóstico
tardio, o que diminui as chances de cura e aumenta a mortalidade.
O oncologista revela que este
cenário pode gerar maior demanda por serviços de oncologia, radioterapia,
leitos hospitalares e equipe especializada. “Por isso, o Janeiro Verde é tão
crucial. Ele tenta conscientizar a população sobre o câncer de colo do útero,
um problema de saúde pública que afeta milhões de mulheres no mundo todo e cuja
solução está na informação para prevenção e diagnóstico precoce, aumentando
consideravelmente as chances de cura”, afirmou.
Ele finaliza, ressaltando ser crucial que a população seja informada sobre a importância da vacina e do exame preventivo, que o acesso aos serviços de saúde seja ampliado, garantindo que todas as mulheres tenham acesso à vacinação e ao exame preventivo; e que campanhas de conscientização, como o Janeiro Verde, sejam intensificadas.
Texto: CECAN
Publicado por: Enzo Oliveira | TV Metropolitana