
No
início dos anos 2000, Piracicaba apresentava bons indicadores sociais, reflexo
dos investimentos realizados por administrações anteriores. Em um ranking da
Macroplan que avaliava 15 indicadores sociais dos 100 maiores municípios
brasileiros, a cidade ocupava a 14ª posição em 2005.
Com
investimentos expressivos em áreas como educação, saúde, segurança,
infraestrutura e saneamento entre 2005 e 2020, Piracicaba alcançou a 2ª
colocação em 2017 e, posteriormente, a 1ª posição em 2020. Os destaques foram
os avanços na educação, saúde e saneamento básico. Durante esse período, a
cobertura de atendimento em creches subiu de 17% para 65%, enquanto na
pré-escola passou de 78% para 100%. A taxa de mortalidade infantil caiu de 15,6
para 9 óbitos por 1.000 nascidos vivos, e o índice de tratamento de esgoto
aumentou de 30% para 99%.
Em
2020, os cinco melhores municípios do Brasil eram: 1º Piracicaba/SP – índice de
0,757; 2º São José do Rio Preto/SP – índice de 0,739; 3º Maringá/PR – índice de
0,739; 4º São José dos Campos/SP – índice de 0,738; 5º Jundiaí/SP – índice de
0,730.
Piracicaba
se destacou nacionalmente ao ocupar, por três anos consecutivos, o 1º lugar em
educação e a 6ª colocação em saúde em 2020. Os principais indicadores avaliados
foram: atendimento em creche e pré-escola, IDEB, taxa de mortalidade infantil e
de morte prematura, taxa de homicídios, óbitos no trânsito, abastecimento de
água, coleta e tratamento de esgoto.
No
entanto, a descontinuidade das políticas públicas sociais nos últimos anos,
aliada a investimentos mais robustos em outros municípios, fez com que
Piracicaba caísse para a 8ª posição no ranking em 2024. Da mesma forma, a cidade
perdeu posições na educação caindo para o 6º lugar, e na saúde caindo para 23º
lugar.
A
redução de investimentos em educação e saúde, a interrupção na expansão da rede
de educação infantil, a demora na contratação de médicos e a falta de
compromisso com o saneamento básico, especialmente nas favelas, impactaram
negativamente os indicadores. A queda na qualidade do saneamento básico
contribuiu para o aumento da mortalidade infantil. Esses fatores explicam, de
maneira objetiva, a perda da posição de liderança que Piracicaba ostentava.
Dada a
importância de Piracicaba no contexto do Estado de São Paulo e da Região
Metropolitana, a perda da 1ª posição em gestão pública municipal é lamentável.
Para recuperar essa colocação, será necessário um grande volume de
investimentos sociais, principalmente nos bairros periféricos, com foco na
educação infantil e no saneamento básico. Caso contrário, os indicadores
sociais da cidade continuarão atrás de municípios como Maringá/PR, Franca/SP,
Jundiaí/SP, Uberlândia/MG, Curitiba/PR, Cascavel/PR e São José dos Campos/SP.
Em 2020, Piracicaba estava à frente desses municípios, garantindo sua liderança
nacional.
Uma gestão fiscal eficiente é aquela que gera os melhores indicadores sociais. Infelizmente, alguns políticos ainda não compreenderam essa realidade. É hora de retomar o compromisso com o desenvolvimento social e garantir que Piracicaba volte a ocupar seu merecido lugar de destaque no cenário nacional.
Artigo assinado por Barjas
Negri, foi ministro da Saúde e prefeito de Piracicaba por três gestões