
Foto: Divulgação / Apeoesp
Centenas de professores da rede estadual de ensino de diversas regiões
do Estado de São Paulo decidiram marcar greve por tempo indeterminado a partir
do dia 25 de abril. A decisão foi tomada na última sexta (21), em assembleia
promovida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo (Apeoesp). Nesse dia, a
categoria voltará a se reunir para decidir sobre a paralisação, que tem o objetivo
de pressionar o governo estadual a abrir negociação da campanha salarial da
categoria, que tem data-base em primeiro de março.
De acordo com a segunda presidenta da Apeoesp, a deputada estadual
Professora Bebel (PT), apesar da pauta de reivindicações ter sido protocolada
no dia 19 de fevereiro, até agora, o governo estadual não abriu negociação com
a categoria. Diante disso, na assembleia, acatando proposta do Conselho
Estadual de Representantes (CER), “foi aprovado um calendário para acumulação
de forças e diálogo com a nossa categoria, com os estudantes, com a comunidade
para que possamos fazer uma forte greve com efetiva participação das
professoras e dos professores pela base”.
O calendário aprovado prevê a
intensificação da campanha contra escolas cívico-militares, de 24 a 31 de
março, assim como a retomada e intensificação de visitas às escolas, além de
realização de articulações, estadual e regionais, com os estudantes, organizar
atividades comuns, bem como com movimentos sociais. “Também vamos realizar
atividades de rua, como aulas públicas, carreatas, panfletagens e outras
atividades, assim como vamos organizar abaixo-assinado da comunidade escolar e
população em apoio à nossa luta e à educação pública, assim como realizaremos
um dia estadual de “faixaço” nas rodovias e realizaremos assembleias regionais
e intensificaremos o diálogo com a comunidade”, destaca.
Bebel ressalta que estudos da subseção
DIEESE/CEPES mostram que os salários dos professores estão extremamente
defasados, seja em relação ao piso salarial nacional, ao salário mínimo, à
cesta básica, a meta 17 do PNE/PEE ou qualquer outro referencial. “Portanto, a
luta salarial é central. Reivindicamos reajuste imediato do piso nacional de 6,27% no salário base. Ao mesmo tempo,
reivindicamos um plano de recuperação do poder de compra dos nossos salários”,
enfatiza.
Nesta campanha salarial, além da luta
contra o arrocho salarial, a categoria também quer o fim do autoritarismo, do
assédio moral e das péssimas condições de trabalho, que estão adoecendo
professoras e professores. “O recente falecimento da professora Analu Cerozzi,
de Diadema, que sofreu um infarto quando protestava contra o assédio e as
cobranças excessivas em plena atividade pedagógica na escola é uma trágica e
eloquente denúncia desta realidade. Prosseguimos na luta pela saúde dos
professores, pela expansão e melhoria do atendimento do IAMSPE e por uma CIPA
em cada escola, com condições de participação dos professores”, enfatiza Bebel.
Nesta campanha, a segunda presidenta da
Apeoesp também chama a atenção para a luta contra a militarização de escolas
pelo governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Devemos
intensificar nossa interlocução com toda a comunidade para barrar esse projeto
em cada uma dessas unidades. Também mantemos de pé nossa campanha contra a
privatização das escolas, assim como professores precisam ter o direito de se
alimentar nas escolas. Lutamos também por educação inclusiva e pela contratação
de todos os profissionais pelo Estado, sem terceirização. Outra luta nossa é pela
aprovação da isenção de IR até R$ 5 mil e descontos até R$ 7 mil. Para nossa
categoria, neste momento, é fundamental lutarmos para que seja aprovado o
projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais. A
proposta apresentada pelo governo Lula busca a justiça tributária. Os trabalhadores pagam mais Imposto de Renda sobre
seus rendimentos em comparação com a minoria de super ricos no Brasil. Enquanto
quem tem renda acima de R$ 50 mil por mês paga 2,5% de imposto, os professores,
com renda média mensal de R$ 4.800, pagam 9,6%. Pela proposta do governo, o
imposto será zerado para salários até R$ 5 mil, o que significará R$ 4.170 a
mais por ano em renda disponível para a ampla maioria da nossa categoria. Cerca
de 10 milhões de trabalhadores hoje sujeitos ao imposto de renda, passarão a
ser isentos ou com imposto reduzido”, completa.
Texto: Da redação | Vanderlei Zampaulo