
Foto: Divulgação / MST em SP
A empresa foi ocupada na manhã
desta segunda-feira (07), como forma de denúncia pública dos crimes ambientais
promovidos pelo agronegócio e exigir a realização do assentamento na Usina e
nas terras do Grupo Farias.
Segundo integrantes do MST, enquanto cerca de 400 famílias sem-terra ocupavam área da Usina São José, em Rio das Pedras, a Polícia Militar usou de todo seu aparato militar e ostensivo para provocar despejo das famílias que estavam levantando acampamento no local. A ocupação, que faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, do MST, teve o objetivo de tornar pública a denúncia contra o crime ambiental provocado pela empresa ao contaminar as águas do rio Piracicaba e causar a morte de mais de 250 mil peixes.
O derramamento de melaço de cana-de-açúcar, subproduto industrial da usina de
canavieira, começou no ribeirão Tijuco Preto, afluente do rio Piracicaba
localizado nas imediações da usina, e percorreu cerca de 70 quilômetros até
chegar na Área de Proteção Ambiental Tanquã, um local de reprodução de espécies
conhecido como o “Mini Pantanal Paulista”.
Ainda de acordo com os integrantes do MST, a PM chegou no local por volta das 9h horas com dezenas de viaturas, Força
Tática e helicóptero. Sem portar mandato de reintegração de posse e nenhum
amparo jurídico legal para efetuar o despejo, e mesmo com a disposição das
famílias sem-terra em negociar a saída do local, os policiais utilizaram bombas
de efeito lacrimogêneo para dispersar as famílias que estavam protestando no
local de forma pacífica.
Após a saída do local, as famílias se deslocaram para a praça José Bonifácio, no centro de Piracicaba. "Esse não é um episódio isolado. A truculência da PM, a mando do governador Tarcísio de Freitas, tem agido de forma violenta para reprimir qualquer ação de luta no campo e na cidade, como ocorreu no ano passado em Mirante do Paranapanema, em Bauru e Campinas", disse Márcio Santos, membro da Coordenação Nacional do MST.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra repudia a truculência do governo
Tarcísio contra os lutadores do povo e denuncia o agronegócio enquanto promotor
de injustiças climáticas e sociais. Afirmamos que a lutar por terra não é crime
e exigimos que as terras devolutas e as terras vítimas de crimes ambientais do
agronegócio sejam arrecadas para a Reforma Agrária de forma imediata.
Procurada a SSP emitiu a seguinte
nota:
“A Polícia Militar foi
acionada na manhã desta segunda-feira (7) para atender a uma manifestação
realizada no interior de uma usina, situada na Rodovia Júlio Antônio Basso,
zona rural de Rio das Pedras. Não houve registro de feridos, nem de prisões.
Durante a ação, foi necessária intervenção para conter e dispersar os
manifestantes. Após o ocorrido, o grupo se deslocou até a Praça José Bonifácio,
em Piracicaba, onde o protesto foi encerrado.”
Já OAB emitiu a seguinte nota:
“A Ordem dos Advogados do
Brasil, Subseção de Piracicaba, que abrange a comarca de Rio das Pedras,
atendeu solicitações de advogados que acompanhavam a ocupação na Usina São
José. A Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB, garante o exercício
profissional da advocacia. Em reintegrações de posse e ações dessa natureza, a
OAB acompanha para garantir que os atos sejam cumpridos dentro os parâmetros
legais, sob o ponto de vista dos Direitos Humanos, sem, contudo, impedir o
trabalho da polícia.
Por isso, ao ser acionado no
dia de hoje pelos advogados particulares do movimento que atendiam a situação,
enviou dois de seus advogados para atender o pedido, porém, os advogados já
tinham saído do local. A OAB esclarece que não tem conhecimento do mérito da
questão e não atua em favor de qualquer causa político-partidária, de modo que
a única intenção da presença da OAB, enquanto instituição, foi resguardar os
direitos dos advogados, nada mais.”
Assina a nota Dr. Oscar Jr.
Presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB
Publicado por Danilo Telles / TV Metropolitana