Foto: Leandro Trajano

Há doze anos, o então vereador de Limeira, Ronei Costa (PT), lançou uma provocação inovadora à região ainda classificada como Aglomerado Urbano de Piracicaba: unir as Câmaras Municipais em torno de um único Parlamento. A proposta, inicialmente recebida com desconfiança por lideranças que temiam a diluição de forças eleitorais, ganhou corpo e se consolidou como um espaço legítimode articulação regional.

Hoje, o Parlamento Regional — agora Parlamento Metropolitano de Piracicaba — é reconhecido como uma instância de representação política importante, especialmente após a criação da Região Metropolitana de Piracicaba. A desconfiança inicial deu lugar à constatação de que a união fortalece a região, que abriga mais de 1,5 milhão de habitantes e detém um dos maiores PIBs do país.

O Parlamento se destaca por sua resistência a interferências políticas e institucionais, mantendo-se ativo e plural em um cenário muitas vezes marcado pela fragmentação. Nos últimos anos, tem dado visibilidade a pautas estratégicas para os municípios, sobretudo os de menor porte, que dependem da força conjunta para buscar soluções a problemas sociais e estruturais.

A nova gestão, liderada pelo presidente da Câmara de Araras, Rodrigo Soares, assume com desafios relevantes, sendo o principal deles a regulamentação da Região Metropolitana de Piracicaba. A proposta, travada no governo estadual, impede avanços importantes em áreas como mobilidade urbana e gestão de resíduos sólidos — temas centrais para a qualidade de vida da população.

Outro ponto crucial é o reconhecimento formal dos Parlamentos Metropolitanos e Regionais como entes legítimos de participação em conselhos e instâncias decisórias. O Projeto de Lei 1388/2023, do deputado Luiz Claudio Marcolino, propõe justamente esse avanço: garantir que essas estruturas participem ativamente da formulação de políticas públicas regionais.

Um exemplo prático da importância desse protagonismo foi a tentativa de instalação de pedágios na Rodovia Luiz de Queiroz, medida que contrariava frontalmente o princípio da integração regional. A articulação política da região ajudou a dar visibilidade à insatisfação dos municípios, fortalecendo a ideia de que o Parlamento deve ser ouvido.

 

Mais do que debater temas essenciais como saúde e infraestrutura, o Parlamento Metropolitano tem o desafio de pensar em novas frentes, como os impactos geopolíticos globais que reverberam localmente. Em tempos de instabilidade internacional e fragilidades políticas internas, ampliar o olhar estratégico é mais do que necessário.

O Parlamento precisa, e tem condições, de ser um espaço ousado, articulado e eficiente. Seu papel vai além das pautas imediatas: é também o de garantir que as decisões que afetam a vida de milhões de pessoas sejam tomadas com representatividade, planejamento e foco no desenvolvimento regional.

Artigo assinado por Valéria Rodrigues, especialista em gestão legislativa, assessora do deputado estadual Luiz Claudio Marcolino

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