Crédito foto: AP/Riccardo De Luca 

Fumaça branca na Capela Sistina anuncia o cardeal de Chicago como sucessor de Francisco, marcando um pontificado inédito com raízes na América Latina e um passado sob investigação por alegações de acobertamento de abuso.

A Igreja Católica tem um novo líder. Nesta quinta-feira (8), após dois dias de conclave e a aguardada fumaça branca emanar da chaminé da Capela Sistina, o cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, nascido em Chicago, Estados Unidos, foi eleito o novo Papa. Ele assume o nome de Leão XIV e se torna o primeiro pontífice norte-americano da história, sucedendo Francisco na Cátedra de São Pedro. Prevost obteve o apoio de pelo menos 89 dos 133 cardeais votantes, superando os dois terços necessários para a eleição.

Apesar de sua origem nos Estados Unidos, Prevost construiu uma significativa trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde atuou por muitos anos e ascendeu a importantes cargos na Cúria Romana. No momento de sua eleição, ele ocupava as funções de prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão crucial para a nomeação de bispos, e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.

Conhecido por seu perfil discreto e voz tranquila, o novo Papa é visto como um reformista, alinhado à linha de abertura promovida por seu antecessor, Francisco. Com sólida formação em teologia e profundo conhecimento em direito canônico, Prevost ingressou na vida religiosa aos 22 anos, estudou teologia em Chicago e direito canônico em Roma. Sua atuação missionária no Peru, iniciada em 1984, marcou sua trajetória, inclusive durante o período do governo de Alberto Fujimori, quando chegou a cobrar publicamente por justiça.

Em 2014, foi nomeado bispo e administrador da Diocese de Chiclayo, no Peru, onde permaneceu por nove anos. Sua trajetória, contudo, é marcada por uma grave crise: em 2023, três mulheres o acusaram de acobertar casos de abuso sexual cometidos por padres no Peru durante sua atuação na região. As denúncias alegam que Prevost foi informado dos casos, mas a diocese nega qualquer acobertamento, afirmando que os trâmites legais da Igreja foram seguidos. O Vaticano ainda investiga as acusações.

A eleição de Prevost como cardeal ocorreu há menos de dois anos, um período relativamente curto antes de ascender ao papado, um fato incomum na história recente da Igreja. Durante a recente internação do Papa Francisco, foi Prevost quem liderou uma oração pública no Vaticano pela saúde do então pontífice.

O conclave, que reuniu 133 cardeais de todo o mundo, incluindo sete brasileiros, teve início na quarta-feira (7). As primeiras três rodadas de votação resultaram em fumaça preta, indicando a ausência de um nome com a maioria necessária. A eleição de Robert Francis Prevost como Leão XIV ocorreu na quarta rodada de votação na tarde desta quinta-feira, selando um novo capítulo para a Igreja Católica.

 Texto: Mônica Nicoleti / TV Metropolitana 

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