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DESPOLUIÇÃO DO RIBEIRÃO PIRACICAMIRIM

Publicada em: 24/06/2025 09:36 - Artigo

 

 

Barjas Negri

 

Uma das condições fundamentais para uma cidade ser sustentável é a existência de um saneamento básico adequado, que inclui abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Embora essa infraestrutura seja de fácil implementação, a realidade brasileira está longe da universalização dessas ações.

Infelizmente, os indicadores nacionais revelam um cenário preocupante: 15% da população brasileira não possui acesso à água encanada, 54% carecem de uma coleta de esgoto adequada e mais da metade do esgoto coletado não recebe tratamento adequado. No entanto, no Estado de São Paulo, especialmente na região das Bacias do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), a situação é significativamente melhor, resultado de investimentos planejados e executados a partir dos anos 1990. Um dos avanços mais relevantes ocorreu no tratamento de esgoto, ação crucial para a recuperação e despoluição de rios, córregos e ribeirões que recebem grande parte dos resíduos domésticos das cidades brasileiras.

Graças à articulação do Consórcio PCJ e do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), desde a década de 1990, os prefeitos de Piracicaba e os presidentes do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) têm se empenhado na resolução dessas questões.

Um dos principais desafios enfrentados foi a poluição da Bacia do Ribeirão Piracicamirim, que por décadas recebeu o esgoto doméstico de mais de 100 mil pessoas. Esse despejo comprometeu a qualidade da água e tornou o ribeirão uma fonte de mau cheiro e degradação ambiental. Os bairros localizados nas margens do ribeirão foram os principais afetados, incluindo Vila Independência, Vila Monteiro e Nova América, na margem esquerda, e Jardim Brasília, Piracicamirim, Morumbi, Noiva da Colina, Água Branca, Alvorada, Parque 1º de Maio, Astúrias, Sol Nascente, parte do Campestre, entre outros, na margem direita.

Essa realidade começou a mudar durante as administrações dos prefeitos do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Antonio Carlos de Mendes Thame e Humberto de Campos. Sob a presidência do engenheiro Edgar Camolese no Semae, foram instalados coletores de esgoto ao longo de todo o Ribeirão Piracicamirim, uma estação elevatória de esgoto e a moderna Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Piracicamirim, localizada ao lado da Rodovia Luiz de Queiroz, na entrada de Piracicaba.

Inaugurada em 6 de julho de 1998, em uma área cedida pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), essa estação passou a tratar o esgoto gerado por mais de 100 mil habitantes, promovendo a despoluição do Ribeirão Piracicamirim e contribuindo significativamente para a sustentabilidade ambiental da região. O pioneirismo desse projeto serviu de modelo para a elaboração do Plano de Gestão de Saneamento de toda a Bacia PCJ, que continua sendo executado até os dias atuais, elevando os índices de saneamento na região.

Com a construção da ETE do Piracicamirim, Piracicaba alcançou um índice de 35% de esgoto tratado, um número expressivo para a época. A Esalq também foi diretamente beneficiada, pois o esgoto do ribeirão atravessava seu território antes de ser despejado no rio Piracicaba. A nova estrutura reduziu a carga poluidora antes da ponte do Lar dos Velhinhos, melhorando a qualidade da água do rio Piracicaba.

Por fim, é importante destacar que todos esses avanços foram viabilizados pela taxa de coleta de esgoto cobrada dos usuários. Em Piracicaba, a implementação do sistema de coleta e tratamento de esgoto foi pioneira, servindo de exemplo para outros municípios brasileiros que, infelizmente, ainda apresentam indicadores de saneamento muito inferiores. Graças a esses investimentos e esforços, o Ribeirão Piracicamirim continua vivo, sinalizando um futuro mais sustentável para a região.

Barjas Negri foi ministro da Saúde e prefeito de Piracicaba por três gestões

 

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