Foto: Ricardo Stuckert/PR
Em um discurso na inauguração da montadora chinesa Great Wall Motors (GWM) em Iracemápolis, interior de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu a China como principal parceira comercial do Brasil.
O evento, que marcou um investimento bilionário na indústria automotiva nacional, serviu de palco para o presidente reafirmar a política externa brasileira de multilateralismo e cooperação com nações em desenvolvimento.
"A China é o nosso principal parceiro comercial. A gente vai tentar brigar para que o comércio mundial seja equilibrado. A gente quer que volte o multilateralismo", declarou Lula, que comparou o comércio com a China, avaliado em US$ 160 bilhões, com o dos Estados Unidos, que soma US$ 80 bilhões.
Lula também teceu duras críticas a Trump, a quem acusou de espalhar "inverdades" sobre o Brasil. "Eu não posso admitir que um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos possa criar a quantidade de inverdades que ele tem contado sobre o Brasil", disse o presidente, que lamentou a criação de uma "imagem mentirosa" que, segundo ele, causa uma "turbulência desnecessária".
A nova fábrica da GWM, que produzirá carros elétricos e híbridos, é resultado de um investimento inicial de R$ 4 bilhões até 2026, com a previsão de mais R$ 6 bilhões de 2027 a 2032. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também estava no evento, destacou a importância da iniciativa para o mercado de trabalho. "Aqui são 700 empregos. Até o começo do ano que vem, 1.300, mais 10 mil indiretos", afirmou Alckmin.
O presidente da GWM, Mu Feng, reforçou o compromisso da empresa com o país, afirmando que a fábrica no Brasil será um "ponto de partida" para a expansão da companhia por toda a América Latina. Lula, por sua vez, aproveitou a ocasião para convidar mais empresas chinesas a investir no Brasil, garantindo que o país está de "braços e coração abertos" para parcerias.
Durante a cerimônia, Lula fez questão de contrastar a chegada da GWM com a saída da Ford em 2021, vendo na montadora chinesa um símbolo da recuperação da indústria nacional e do potencial de crescimento do mercado automobilístico brasileiro. "Essa visão que os chineses têm de que eles podem ocupar uma parte do mundo vendendo e produzindo e ensinando, que nós vamos aproveitar", concluiu o presidente.
Texto: Danilo Telles / Jornalista
Publicado por Enzo Oliveira / Grupo Metropolitana