Foto: ALESP
O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo e responderá pelos crimes de perseguição (stalking) e violência psicológica contra a influenciadora e ex-esposa, Cíntia Chagas. O inquérito policial, instaurado pela 3ª Delegacia da Defesa da Mulher (DDM), foi relatado e encaminhado à Justiça no dia 15 de setembro, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O indiciamento ocorre no âmbito de uma investigação que apura as acusações de violência doméstica feitas por Cíntia Chagas, com quem o parlamentar trava um processo de separação litigiosa.
O caso ganhou notoriedade após Cíntia Chagas registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) em setembro de 2024, alegando ter sido agredida pelo então marido em agosto do mesmo ano. A influenciadora relatou no B.O. que o deputado teria atirado uma faca contra ela, ferindo sua perna. O suposto ataque teria ocorrido durante um jantar em Ribeirão Preto (SP), após ela se recusar a interromper a refeição para tirar uma foto com o casal Michelle e Jair Bolsonaro (PL).
As ameaças, de acordo com Cíntia, teriam começado mais de dois anos antes, quando os dois ainda namoravam. O deputado estava sendo investigado por violência contra a mulher, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição.
Atualmente, Lucas Bove está proibido de se aproximar da ex-companheira a uma distância inferior a 300 metros, além de não poder contatá-la por telefone ou mensagens, nem mencioná-la nas redes sociais. O processo tramita na Vara de Violência Doméstica do Fórum do Butantã, na capital paulista.
Em nota assinada pelos advogados Daniel Bialski e Camila Felberg, a defesa de Lucas Bove criticou o indiciamento, afirmando que a Autoridade Policial foi "taxativa em afirmar que NÃO houve qualquer agressão física ou ameaça à Cintia Chagas". O texto sugere que a influenciadora distorce a verdade, criando uma "ardilosa história" de agressão física. A defesa ainda mencionou um caso passado em que a Justiça teria reconhecido que Cíntia "faltou com a verdade em acusações similares contra outra pessoa com quem ela se relacionou".
Os advogados defendem que os fatos mencionados no inquérito se confundem com outros em que o deputado seria a vítima, e que todos são oriundos da separação litigiosa. A defesa reitera a confiança na Justiça e aguardará o reconhecimento de que o deputado "não cometeu qualquer ato criminoso". Por fim, a nota afirma que serão solicitadas providências para apurar o "recorrente vazamento" das informações do processo, caracterizando os delitos previstos no Código Penal e na Lei 9.296/96.
Defesa de Cíntia Chagas
A equipe de advogadas de Cíntia Chagas, liderada por Gabriela Manssur, celebrou o indiciamento, mas pontuou que a denúncia policial também deveria abranger a violência física, que estaria "comprovada nos autos".
"O indiciamento de Lucas Bove por violência doméstica, especialmente por stalking e violência psicológica, é uma vitória importante, ainda que aguardemos a denúncia do Ministério Público", diz o comunicado.
A advogada também criticou o fato de a influenciadora estar impedida de comentar a investigação e mencionou que o Ministério Público pediu a revogação dessa e de outras medidas cautelares impostas contra Cíntia. A nota conclui que o segredo de justiça deve proteger a mulher vítima de violência, e não "blindar o agressor", criticando a instrumentalização do sistema de justiça para silenciar mulheres que denunciam.
Texto e Publicação Danilo Telles/Jornalista | Grupo Metropolitana