Foto: Assessoria Parlamentar
A atitude do prefeito da cidade Helinho Zanatta de querer burocratizar e multar em até R$ 6.000,00 quem fizer a distribuição de comida aos pobres de Piracicaba está sendo veementemente repudiada pela deputada estadual Professora Bebel (PT), que considera a proposta “criminosa”. A proposta desumana está contida em projeto de lei, de autoria do prefeito Helinho Zanatta, que tramita na Câmara de Vereadores de Piracicaba e já foi aprovada em primeira discussão. “Espero que os vereadores botem a mão na consciência e rejeitem este absurdo, na apreciação em segunda discussão. Piracicaba, com esta iniciativa vai na contramão do Brasil. Enquanto o presidente Lula retira o Brasil do mapa da fome, o prefeito Helinho Zanatta quer punir quem doar alimentos aos pobres, que tem fome”, diz a deputada estadual piracicabana, lembrando que na Assembleia Legislativa já cobrou do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a implantação do programa Bom Prato na cidade, justamente para dar comida a quem tem fome.
Para Bebel, “a fome precisa ser erradicada, com diversas ações, como possibilitar que a população continue ofertando comida aos que não tem. A doação de cestas básicas também é uma maneira de ajudar a combater a fome. Em resposta a esta falta de humanidade, já estou providenciando a criação de um comitê contra a fome na cidade. Temos que aplaudir quem ajuda o próximo e não punir”.
Ao protestar contra a atitude do prefeito, Bebel lembra que na cidade são pelo menos 30 mil pessoas passando fome. Será que o prefeito sabe o que é passar fome? O fato é que só sabe o que é a dor da fome, quem já passou fome, quem procura algo para comer e não encontra, isso certamente só contribuirá para aumentar a violência. Também há na cidade pelo menos 20 mil mães solo, sendo que muitas têm dificuldades de alimentar seus filhos. Como o senhor irá resolver isso, senhor prefeito? Queremos a sustentabilidade no sentido correto da palavra. É preciso cumprir o que disse e prometeu em campanha. No entanto, o que vemos, por enquanto, nesses quase um ano de governo, é o prefeito mostrando a sua verdadeira face, mostrando que não gosta de pobre e que não tem a mínima vontade de desenvolver políticas sérias para combater a pobreza e a fome. Não se resolve o problema da fome fazendo uma higienização social, senhor prefeito”, ressalta a deputada Professora Bebel, engrossando a opinião de quem é totalmente contrária a esse projeto, como é o caso da OAB Piracicaba (Ordem dos Advogados do Brasil), Ministério Público e o Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia (IPEDD).
Bebel reforça que o direito a alimentar-se é condição básica da cidadania, bem como o exercício da solidariedade. “Dificultar esse exercício significa objetivamente condenar à fome pessoas que se encontram vulneráveis ou em situação de rua, incluindo crianças, mulheres e idosos. Trata-se de uma iniciativa desumana e retrógrada, com a qual não podemos concordar nem pactuar. Por isso somamos nossa voz e participaremos do movimento para barrar este retrocesso”, completa.
Texto: Vanderlei Zampaulo/Jornalista
Publicado por Enzo Oliveira/Grupo Metropolitana