Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso preventivamente desde a madrugada de sábado (22), alegou ter sofrido um "surto" para justificar a tentativa de avariar a tornozeleira eletrônica. Em audiência de custódia realizada por videoconferência neste domingo (23), Bolsonaro negou que a ação estivesse relacionada a uma intenção de fuga, atribuindo o episódio a uma "certa paranoia" e à interação de medicamentos que estaria tomando.
A audiência, que durou cerca de meia hora, foi conduzida por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente permanece detido na Superintendência da PF no Distrito Federal.
Segundo a ata da audiência, Bolsonaro afirmou ter tido uma "alucinação de que tinha alguma escuta na tornozeleira" entre a noite de sexta-feira (21) e a madrugada de sábado (22). Ele atribuiu essa "paranoia" à interação inadequada de dois medicamentos (Pregabalina e Sertralina), que teriam sido receitados por médicos diferentes. A insônia e o "sono picado" também teriam contribuído para o ocorrido.
O ex-presidente admitiu ter usado um ferro de solda para tentar abrir a tampa do dispositivo, alegando ter curso para operar esse tipo de equipamento. Ele relatou ter abandonado a tentativa após "cair na razão" e, em seguida, ter comunicado o que havia feito aos agentes.
A violação da tornozeleira eletrônica, que apresentou sinais claros de queimadura e manipulação, foi um dos elementos centrais utilizados pelo ministro Alexandre de Moraes para decretar a prisão preventiva. Para Moraes, a ação indicava a intenção de romper o dispositivo para garantir êxito em sua fuga, que seria facilitada pela vigília convocada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A audiência de custódia, de caráter formal, serviu para verificar as condições da detenção do ex-presidente. Uma cópia da ata será remetida à Ação Penal nº 2.668, processo no qual Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses pela trama golpista.
A conclusão da audiência ocorre no mesmo dia em que se encerra o prazo (16h30) para que a defesa apresente formalmente as justificativas sobre a violação do equipamento. A tornozeleira será agora periciada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal para identificar os danos e as ferramentas utilizadas.
Texto e Publicação Danilo Telles/Jornalista | Grupo Metropolitana