Piracicaba
25/08/2021 09H31
Manifestação em frente à Prefeitura nesta segunda-feira(24), ocorreu por parte de ex-merendeiras, elas não receberam salários e outros proventos da própria Nutriplus.
Prefeitura
contratou a Nutriplus, investigada pela CPI, emergencialmente para fornecimento
de merenda. No primeiro dia houve problemas de abastecimento, segundo denúncias.
Um
dossiê com denúncias de irregularidades praticadas pela empresa Nutriplus,
contratada emergencialmente pelo município para fornecer refeições nas escolas,
será elaborado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda. A CPI,
que está em andamento na Câmara Municipal de Piracicaba, pretende encaminhar o
dossiê à Prefeitura, para que sanções e responsabilidades contratuais sejam
aplicadas. O dossiê sobre as irregularidades iniciais do contrato emergencial também
será apresentado como denúncia ao Ministério Público.
A empresa Nutriplus está sendo
investigada pela CPI da Merenda por irregularidades no contrato e na prestação
de serviços da merenda escolar em Piracicaba. Entre as principais
denúncias recebidas pela Comissão está o não pagamento de salários e de
direitos trabalhistas das merendeiras. Apesar de todas as denúncias de
irregularidades, a empresa venceu um pregão emergencial e, desde segunda-feira
(23), fornece as refeições das escolas estaduais e municipais de Piracicaba por
um período de até 180 dias.
A contratação da empresa
motivou uma manifestação, na manhã desta terça-feira (24), organizada por
merendeiras e pelo Sintercamp (Sindicato dos Trabalhadores em Refeições de
Campinas e Região). Com faixas e cartazes, dezenas de merendeiras pediam o
rompimento do contrato com a empresa Nutriplus e a manutenção do contrato com a
empresa HCM (Horto Central Marataízes), que atualmente emprega as
trabalhadoras.
Os vereadores Cássio Luiz
Barbosa, o Cássio Fala Pira (PL) presidente da CPI da Merenda, Acácio Godoy
(PP), relator, e Paulo Camolesi (PDT), membro, estiveram na manifestação,
realizada em frente à Prefeitura, e declararam apoio às queixas e
reivindicações das merendeiras.
Os integrantes da CPI, os vereadores
Thiago Ribeiro (PSC), Paulo Campos (Podemos) e representantes das merendeiras e
do sindicato foram recebidos pelo procurador geral do município, Fábio
Dionísio, e pelo secretário de Governo, Carlos Beltrame. Na reunião, os
representantes dos poderes Legislativo e Executivo receberam as denúncias de
irregularidades no fornecimento de alimentação, já no primeiro dia de contrato
com a empresa Nutriplus. Falta de alimentos no cardápio fornecido, crianças que
foram dispensadas da escola porque não tinha merenda e funcionárias contratadas
sem treinamento e qualificação foram as principais queixas.
O vereador Cássio Fala Pira,
presidente da CPI, pediu para que todas as denúncias fossem documentadas e
enviadas aos vereadores e que os diretores das escolas formalizassem
reclamações junto à Diretoria de Ensino para a elaboração de um dossiê que
comprove o não cumprimento do contrato emergencial. “Vamos pegar tudo isso,
juntar na CPI e encaminhar ao Ministério Público para suspender o contrato”,
disse.
O procurador geral do
município, Fábio Dionísio, explicou que a Prefeitura teve que fazer uma
contratação emergencial. "No entanto, existe uma contratação ordinária que
está em andamento e o processo tem várias fases até a contratação",
explicou. Dionísio esclareceu também que o CNPJ da Nutriplus “ainda tem”
certidões negativas de idoneidade. “A empresa trouxe documentação comprovando
que tem aptidão”, afirmou.
Ele pediu o “feedback” das
merendeiras para aplicar sanções e responsabilidades contratuais e também pediu
que os vereadores encaminhassem informações.
O relator da CPI, Acácio Godoy,
destacou a importância de juntar provas e dar subsídios para o rompimento do
contrato. “A empresa não cumpre o contrato desde o princípio, precisamos da
reclamação de maneira oficial”, declarou.
De
acordo com Fabio Dionísio, as denúncias de irregularidades no cumprimento do
contrato emergencial serão analisadas e podem “levar sim” ao rompimento do
contrato, mas não imediatamente. “Em toda sanção tem que ser respeitado o
processo legal e o direito de ampla defesa e contraditório. De repente, tem uma
justificativa para isso. Tudo isso tem que ser legalmente analisado”, disse.
Foto: Davi Negri