Novo
governo, velhas práticas. Assim que a Prefeitura de Piracicaba se comporta em
diversas decisões administrativas, ao longo dos quase nove meses da atual
gestão em diversas áreas e secretarias.
Em
se falando do esporte, a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades
Motoras (Selam), nomeou profissionais e gestores técnicos aptos para tais
atividades, inclusive, “importando” nomes de fora da cidade e com o anseio de
mudanças nas políticas públicas da Pasta. Mas, em meio a pandemia, até o
momento pouca coisa prática foi executada. Conforme apurado, por um lado, muito
estudo, vistoria às áreas, projetos e uma reserva financeira muito baixa para
as pretensões, e do outro lado, a pressão popular para a retomada das atividades
esportivas, da reabertura dos clubes e academias, e principalmente das
competições. Neste sentido para a volta do setor esportivo, os tradicionais
campeonatos, principalmente, os de futebol ganham grande movimentação nos
gabinetes de vereadores para liberação imediata.
Entidades,
associações, clubes e especialistas ouvidos pela reportagem apontam que o
cenário é “desanimador” e “preocupante”.
Para
a prática esportiva é necessário que praças e equipamentos estejam em condições
apropriadas, para que seja garantida a segurança dos atletas e do público,
assim como, constatada, a ausência de materiais, como bolas, redes, bambolês,
cordas e arcos. A reportagem apurou também que a maioria dos contratos de
conservação e manutenção foram cancelados ou tiveram capacidade de atendimento
diminuída.
Segue
alta a expectativa para o retorno dos campeonatos e modalidades, como os Jogos
Comunitários, Jogos Escolares e os campeonatos de futebol amador e varzeano,
das categorias Menores e Veteranos, que são pontos-chaves, pois, envolvem
torcidas e familiares.
A
Selam realizou duas licitações públicas, um para os Jogos Comunitários e outro
para os Jogos Escolares, mas ambas não estão com contratos assinados. Foram
vencedoras das licitações: Bruno Camossi Gestão Esportiva e Arbitragem (Apito
de Ouro) e LF Guimarães Junior. Os proprietários das empresas não responderam
aos questionamentos da reportagem.
A Associação de Árbitros de Piracicaba e Região (AAPR), entidade que foi detentora de um dos contratos de arbitragem, junto com as atuais empresas, disse que participa dos processos de coleta de preços da prefeitura desde a fundação e novamente foi convidada a participar, sendo que foi a única empresa a responder ao seguinte questionamento:
RMPTV: Recentemente, a Associação de
Árbitros de Piracicaba e Região participou da coleta de preços para três
licitações de arbitragem, (jogos estudantis, jogos comunitários e Recentemente
dos jogos de futebol adulto/amador/ varzeano). Gostaríamos da opinião técnica
em como é feito o cálculo para o preço unitário e final de cada tipo de serviço
que está sendo cotado? Uma vez que, não vem especificado no anexo da prefeitura
a quantidade de profissionais necessários para cada jogo, categorias e duração
das partidas. Gostaríamos de saber, também, hoje, em média quanto é pago para
um profissional de arbitragem nas funções de árbitro, assistente e mesário?
AAPR:
“O pedido de orçamento veio via e-mail e protocolamos na secretaria nossos
valores para os três tipos de campeonatos. O preço feito é o valor a ser pago
por quatro pessoas: um árbitro, dois assistentes e um mesário, e considerando o
tempo e nível dos campeonatos. A partir daí, inserimos nossos custos
operacionais e administrativos para a escala de nossos associados”, disse a
associação. Ela esclareceu ainda que, atualmente, as taxas variam de “R$ 80 a
R$ 140, um apito, e metade para bandeirar, e na mesa, de R$ 35 a R$ 50”. “No
formulário próprio da prefeitura não tem o tempo da partida e a quantidade de
árbitros, mas isso geralmente sai no edital para licitação e nós colocamos nossos
valores porque conhecemos a realidade dos campeonatos e porque trabalhamos na
maioria deles”, esclareceu a AAPR.
Ao
analisar a Coleta de Preços (Orçamento Prévio) realizado pela Selam, e os que
deram origem às duas primeiras licitações, os especialistas consultados,
contestaram que é “falha a forma como é realizada o orçamento, por não
especificar as características do objeto a ser contratado e informações
básicas, como duração das partidas, quantidade de árbitros, bandeirinhas, mesários,
anotadores e cronometristas envolvidos no jogo. Também foi constatado uma
dúvida porque a prefeitura não realiza uma única licitação pública, podendo ser
dividido em lotes ou tipos de competições, uma vez que a atividade fim é a
mesma: futura prestação de serviços de arbitragem”. Eles também sugeriram que o
processo licitatório fosse em plataforma eletrônica e com um Edital mais rígido
em suas exigências técnicas e econômicas e questionaram o “porque a secretaria
informa o nome dos campeonatos ou entidades que irão apoiar”.
“Isso
poderia ser substituído por: serviços de
arbitragem para atender a demanda de jogos e eventos realizados ou apoiados
pela Secretaria de Esportes. Uma vez que você determina uma quantidade de jogos
para uma competição ou entidade e esses jogos não acontecem, não é possível, o
remanejo dos jogos, prejudicando políticas públicas sociais e esportivas”,
sugerem os especialistas ouvidos, sob anonimato, que perceberam também que
muitos clubes e agremiações estão se reorganizando documentalmente.
Também
foi constatado no Orçamento Prévio que a Liga Piracicabana de Futebol deverá
receber partidas de futebol. Mas, a entidade se encontra em situação irregular,
com CNPJ cancelado na base da Receita Federal. Com isso, ela está impossibilitada
e receber algum tipo de apoio. Procurada, a Liga Piracicabana de Futebol não se
manifestou.
A
reportagem também procurou outras ligas esportivas (como Liga Desportiva
Piracicabana, Liga Esportiva Varzeana e Superliga Desportiva) para saber a
relação com a Selam, assim como a expectativa para o retorno das atividades
esportivas. A Superliga Desportiva foi a que retornou o contato.
RMPTV: A Superliga Desportiva solicitou
da Selam para apoios em eventos, no que se referem à arbitragem e premiação?
Superliga:
“Tivemos uma conversa na secretaria, sendo representada pelo secretário Hermes
Balbino e com Sérgio Camarda, onde protocolamos a apresentação da Superliga e o
nosso Calendário de Eventos, inclusive o de 2022, que engloba todas as
modalidades e várias idades. Também solicitamos apoio nas taxas de arbitragem,
incluindo os eventos como apoiados pela secretaria. O ofício foi protocolado
sob nº 103907/2021”, respondeu a Superliga Desportiva.
Atletas
e dirigentes ouvidos pela reportagem reprovam a atual administração pública. Um
atleta que preferiu não se identificar comentou que “o prefeito Luciano Almeida
não gosta de futebol. Acha que aqui só tem bandido e pobre”.
O
Centro de Comunicação Social da Prefeitura de Piracicaba foi procurado por
e-mail, mas não respondeu aos questionamentos até o final dessa matéria.
A Rádio Metropolitana de Piracicaba, se coloca à disposição da Prefeitura, gestores ou profissionais da área.
Reportagem: Danilo Telles - Jornalista
Fotos: Reprodução/ Internet