Documento entregue na manhã desta sexta-feira (27) sugere cancelamento de contrato emergencial e tem a assinatura dos 23 vereadores.
Os
integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda, constituída
na Câmara Municipal de Piracicaba, protocolaram representação administrativa no
Ministério Público. Eles sugerem o cancelamento do contrato emergencial entre a
empresa Nutriplus e a Prefeitura e a instauração do inquérito civil para apurar
a legalidade, legitimidade e economicidade no fornecimento de merenda escolar
na rede pública de ensino.
Às 11h30 desta sexta-feira
(27), os vereadores Cássio Luiz Barbosa, o Cássio Fala Pira (PL), Acácio Godoy
(PP) e Paulo Camolesi (PDT), presidente, relator e membro da CPI, estiveram no
MP acompanhados do vereador Thiago Ribeiro (PSC), relator da Comissão
Permanente de Educação, Esportes, Cultura, Ciência e Tecnologia da Câmara, e de
Estefânia Catarina Alves Ponce, representante das merendeiras.
A empresa Nutriplus, de Salto
(SP), assumiu na última segunda-feira (23) contrato emergencial de R$ 21,8
milhões, para fornecer refeições para 119 escolas municipais e estaduais da
cidade. O novo contrato vale por até seis meses ou até a conclusão de um
processo licitatório para prestação do serviço, em andamento. A empresa já
estava sendo investigada pela CPI da Câmara desde abril, por denúncias
relacionadas à falta de pagamento de salário, rescisão e benefícios
trabalhistas.
Antes de protocolar a
representação ao promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social,
Luciano Gomes de Queiroz Coutinho, os integrantes da CPI receberam orientação
dos departamentos Legislativo e Jurídico e de Transparência da Câmara.
Segundo Cássio Fala Pira, o
documento protocolado possui mais de 90 páginas e conta com assinaturas dos 23
vereadores, além de denúncias de profissionais da merenda e de diretores de
escolas e matérias da imprensa.
Ele defende que a empresa seja
afastada, enquanto a investigação do Ministério Público permaneça em curso e
até o parecer final. “Compete a nós, do Legislativo, fiscalizar e juntar as
provas. Agora, cabe à Justiça tomar uma decisão, a partir de todos os
documentos que apresentamos.”
Acácio Godoy reforçou que a CPI
da Merenda está dentro do prazo e tem uma investigação ampla, de contratos a
partir do ano de 2016. Segundo o parlamentar, a CPI foi provocada por setores
da comunidade, entidades e representantes das merendeiras. “Interrompemos os
trabalhos ordinários, que estão dentro do prazo, para fazer o relatório
emergencial, em face de um novo fato, que exigia uma resposta. O que nos ajudou
a produzir um relatório oficial de maneira rápida é que as escolas têm uma
estrutura organizada e todas as irregularidades foram oficialmente relatadas e
documentadas.”
Ainda segundo Acácio Godoy, os
profissionais contratados não possuem treinamento e deixaram de seguir
protocolos mínimos. “Um exemplo: temperar comida com Sazon, há muito tempo
proibido para as crianças nas merendas. Tivemos ainda relatos de comida jogada
fora, crianças que passaram mal e aulas canceladas por falta de pessoal
qualificado para fazer a merenda. A empresa, ao sair do município, teve várias
irregularidades nos pagamentos e recolhimento dos direitos trabalhistas. E
quando ela volta, comete mais uma gama de irregularidades: sem material para
fazer as merendas e com mão de obra insuficiente.”
O vereador Paulo Camolesi
reforçou que a denúncia apresentada sugere o impedimento da Nutriplus para o
fornecimento da merenda escolar em Piracicaba. “Trabalhamos para investigar,
mas não temos o poder de julgamento”, disse, sobre as atribuições da CPI.
Thiago Ribeiro lembrou que durante a semana os vereadores visitaram as escolas e receberam reclamações de várias merendeiras. “É preciso resolver o quanto antes esta questão catastrófica”, disse, ao ser completado pela merendeira Estefânia Ponce: “não queremos briga ou confusão, mas o nosso emprego de volta. Sempre servimos a merenda com amor e carinho. O mínimo que a categoria merece é respeito.”
Foto: Davi Negri