Funcionário de carreira da autarquia municipal denunciou o despejo de esgoto sem tratamento pela empresa Mirante.
 
A primeira oitiva realizada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), na manhã de quinta-feira (26), ouviu o funcionário de carreira da autarquia, José Carlos Barbosa de Souza Magazine. Funcionário do Semae desde 1998, a testemunha foi convidada pela CPI para fazer esclarecimentos técnicos sobre o funcionamento da autarquia.


O servidor fez diversas denúncias sobre irregularidades praticadas pela Mirante, empresa que mantém uma PPP (Parceria Público-Privada) com o município para a concessão do serviço de tratamento e coleta de esgoto. Ele disse que vem fazendo denúncias desde 2016 e tais informações viraram um inquérito civil que foi encaminhado ao Ministério Público.
A oitiva foi conduzida pela presidente da CPI, a vereadora Rai de Almeida (PT), e acompanhada por Anilton Rissato (Patriota), relator, e Thiago Ribeiro (PSC), membro. Os vereadores Gustavo Pompeo (Avante) e Ana Pavão (PL) acompanharam a oitiva e também fizeram questionamentos à testemunha.


José Carlos Magazine afirmou que a Mirante não permite que os funcionários do Semae fiscalizem as ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto), algo que, segundo ele, consta como “obrigatório” no contrato e é motivo suficiente para declarar a caducidade da concessão pelo contratante (Prefeitura). Ele também denunciou que "a empresa despeja esgoto sem tratamento nos rios e lagoas de Piracicaba e região". “Se a gente sair daqui agora eu tenho pelo menos cinquenta pontos de lançamento de esgoto sem tratamento para mostrar”, afirmou.


O servidor público relatou que as bombas utilizadas para transpor a diferença de altitude dos rios com as estações de tratamento são desligadas durante a madrugada para economizar energia elétrica e o esgoto é despejado sem tratamento. “Aumentou o número de bombas e diminuiu o consumo de energia elétrica”, disse. Para comprovar a irregularidade, a testemunha sugeriu a comparação das contas de energia elétrica que a CPI solicitou à Mirante.



José Magazine

Foto: Davi Negri


José Magazine ainda relatou que antes da PPP, realizada em 2012, havia uma equipe técnica em cada estação. Segundo ele, a equipe corria todo o sistema de captação, coleta e tratamento de esgoto e a Mirante tirou os servidores das estações de tratamento. “Que finalidade tem uma equipe que fiscaliza contratos se você não tem informações do sistema de coleta de esgoto? Não tem uma funcionária na estação falando sobre a qualidade do esgoto”, disse.


Os integrantes da CPI e os vereadores convidados fizeram questionamentos ao servidor sobre perda e furto de água, distribuição de água em novos empreendimentos imobiliários, fiscalização e inadimplência.  


Rai de Almeida, presidente da CPI do Semae, afirmou que José Carlos Magazine trouxe um “calhamaço de informações contundentes” e que eles não tinham noção dos problemas. “Foram muito graves as informações trazidas aqui e vamos precisar ver como trabalhar e trazer outras provas, ouvir outras pessoas” disse.Ela informou que vai buscar o dossiê entregue ao Ministério Público para embasar as “possíveis medidas que serão adotadas”.


O relator da CPI, Anilton Rissato, declarou que diante das informações recebidas, a CPI irá fazer encaminhamentos documentais necessários para mostrar provas de tudo o que foi relatado pelo funcionário.
A próxima oitiva da CPI do Semae irá receber o ex-vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes, que foi relator da Comissão de Estudos do Semae, aberta na Câmara em 2016. O vereador será ouvido no dia 2 de setembro (quinta-feira), a partir das 10h.


Vereadores Anilton Rissato(Patriota), Rai de Almeida(PT) e Thiago Ribeiro(PSC)

Foto: Davi Negri


CPI DO SEMAE – Instituída pelo requerimento 466/21, a CPI iniciou suas atividades em julho deste ano, após publicação do ato da presidência nº 14/2021. A CPI foi criada para apurar denúncias de irregularidades no Semae e tem o prazo de 120 dias para concluir os trabalhos.
A comissão já realizou reuniões internas e também com a Ares-PCJ (Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias do Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e com o presidente, diretores e servidores do Semae.

Fotos: Davi Negri

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