A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada pela Câmara Municipal de Piracicaba, tem por missão apurar as causas da derrocada do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae)  e especialmente da divida de dois bilhões ora anunciada na imprensa e apontar os responsáveis pela situação de decadência do órgão.

Conforme estabelece a Lei Orgânica do Município, esta CPI tem poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias, além de outros previstos no Regimento Interno, e poderá encaminhar as conclusões  apuradas ao Ministério Público para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores.

Portanto, ouvidos os depoentes, uns convidados,  outros convocados, juntada toda documentação comprobatória dos depoimentos devidamente analisada  por técnicos e especialistas espera se a elaboração de um relatório altamente competente, demonstradas as causas e apontados os responsáveis pela situação de decadência e mais a divida de dois bilhões de reais ultimamente firmada em depoimento.

Esta CPI, já em curso, assim como qualquer outra, demanda uma estrutura técnica na linha dos princípios que regem a administração pública, ou seja, há que estar revestida de legalidade; impessoalidade; moralidade; publicidade e eficiência. Esta disposição à CPI, isto é, apoio logístico estrutural, é também da competência da Câmara sob pena de prevaricação.

Não se pode esquecer que CPI pela própria natureza  tem torcida e ferrenha. Pois, ela saberá também quem, no âmbito da administração pública, serve a si e facilita a outros o usufruir sorrateiramente dos bens do povo.  Há os que a querem e buscam-na. Mas há também os que a detestam e buscam destruí-la abrindo o caminho para a corrupção. Dispensam-se comentários.

No caso em tela, CPI do Semae, ante as inúmeras reclamações de constantes falta de água; os sucessivos aumentos da tarifa; a perda do precioso líquido em percentual descabido; a terceirização de serviços de forma acelerada e outras demandas, por força dos princípios de publicidade e eficiência que regem a administração pública tal medida chegou muito atrasada, mas chegou.

É esta CPI que ira esclarecer a verdade ou a mentira dos belos discursos pronunciados por ocasião da celebração do quadragésimo sexto aniversário de fundação do Semae. Eram, então, meados de 2015, administração do PSDB. O Semae foi apresentado como excelência para o país. Porém, nem cinco anos depois período contínuo, sob a administração do mesmo partido, tornou-se deplorável.  Eis a fala do então presidente do Semae: “O Semae – Serviço Municipal de Água e Esgoto, completa 46 anos no dia 30 de abril, e é destaque no saneamento básico.  Vlamir Schiavuzzo, presidente da autarquia há nove anos, avalia positivamente. “Temos uma administração austera, os resultados das ações do Semae, mostram a satisfação da população, demonstrando que prestamos serviços de alta qualidade. Cumprimos com o nosso papel, distribuímos 100% de água, tratamos 100% do esgoto coletado, nosso maior desafio agora é combater as perdas, o que já foi iniciado. Tenho grande orgulho de fazer parte da história do Semae”, declarou.

O prefeito Gabriel Ferrato destaca a idoneidade do Semae construída nesses 46 anos: “o Semae se tornou uma referência no país quando se fala em tratamento de água, preservação e saneamento básico. A autarquia é mais um motivo de orgulho para o cidadão piracicabano que vem comemorando, junto com o Semae, grandes conquistas nesses últimos anos”.

Diante dessa maravilha de gestão pública como explicar a gritante insatisfação popular contra o Semae? Por que o pedido de explicações ao TCE sobre o contrato (PPP), parceria publica privada entre a Prefeitura e a Águas do Mirante? Por que o pedido de CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito só foi aprovado pela atual legislatura?  Como explicar a situação financeira, hoje deficitária da Autarquia que recebe em proporção igual pela água e pelo esgoto?

Os contribuintes querem respostas e tem o direito de saber o que lhes é garantido pela Lei Orgânica do Município em consonância com a Constituição de 1988.

Muita luz para a CPI. Que não seja inócua. Que não perca o foco e feche os trabalhos com galhardia e eficiência. Que de cuja peça relatada oferecida ao órgão competente, deflua irrecusável denuncia  e alcance justiça aos fies contribuintes desta Piracicaba terra adorada.

Assina o artigo - José Maria Teixeira - Professor

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