Foto: Arquivo Pessoal


Numa articulação da Prefeitura de Piracicaba, Secretaria Municipal de Ação Cultural e Turismo, Cosan-Raízen e Ministério da Cultura, faz 10 anos que trabalhamos para implantar o Museu do Açúcar, que depois passou para Museu da Cana e, mais recentemente, deve tornar-se o Museu da Sustentabilidade.

A nova denominação vem dos aspectos positivos da cana de açúcar e do seu uso energético. O resíduo da cana – bagaço e palha – responde por 80% da geração de bioeletricidade no Brasil, uma energia renovável e com espaço para avançar muito mais.

Piracicaba, por sediar a Esalq/USP, a Coplacana, a Cosan, a Raízen, o Apla, o CTC e o maior parque produtor de máquinas e equipamentos para o setor sucroenergético, sob o comando das Indústrias Dedini com suas parceiras, está no centro da produção canavieira há mais de 100 anos.

É muito natural que houvesse um esforço para a criação e a implantação desse museu na cidade, em especial, no Engenho Central, que se tornou oficialmente público em minha gestão como prefeito, contando com o trabalho de secretários e servidores, quando tomamos a decisão de pagar por sua desapropriação no valor de R$ 30 milhões, naquela época. É bom lembrar que todo Engenho é tombado como patrimônio histórico em nível municipal e estadual e está em processo de tombamento federal pelo Iphan.

A dedicação de Rosângela Camolese, secretária de Ação Cultural e Turismo, de Pedro Mizutani, diretor da Cosan/Raízen e de Rubens Ometto Silveira Mello, diretor-presidente do Grupo Raízen, foram fundamentais para tirar do papel e colocar em pé o Museu da Cana. Da elaboração do projeto à aprovação junto ao Ministério da Cultura para obtenção de recursos incentivados pela Lei Rouanet, nada foi fácil. Conseguimos, em 2015, inaugurar sua primeira célula, no Armazém 5. Hoje ela é utilizada para realização de pequenos eventos e exposições, como o 1º Festival de Caipirinha e a Feirinha de Natal, por exemplo.

Nesse período, mais de 10 anos, aconteceram avanços e recuos, dificuldades geradas pela recessão de 2014-2016 que reduziu o lucro das empresas e, consequentemente, os recursos incentivados que seriam destinados à cultura. Também tivemos lamentáveis incidentes, problemas estruturais e incêndios nos museus Nacional (Rio de Janeiro) e Ipiranga (São Paulo), cujas restaurações utilizaram elevados recursos diminuindo sua aplicação em novos museus.

Mesmo assim, fomos em frente. Em 2020, alterando e adaptando o projeto original para que pudesse ser reapresentado ao Ministério da Cultura, tínhamos o compromisso de Rubens Ometto Silveira Mello de fazer gestões junto ao Ministério para sua aprovação, papel que foi assumido pelo Instituto Raízen de Cultura.

Recentemente, pedi auxílio ao governador do Estado, João Doria e ao Instituto Raízen, visando sua continuidade para que Piracicaba e o Estado de São Paulo tenham, nos próximos anos, esse importante espaço de memória. Em 2 de março, recebi um bilhete manuscrito do nosso governador com os seguintes dizeres: “Vinholi, já falei com o Rubens Ometto. Ele está em Paris, mas vai ajudar no Museu da Cana. Avise o Barjas”, assinado João Doria.

Isso mesmo, o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marcos Vinholi, havia participado de nossa reunião e me enviou o “bilhete” do governador. O que estava andando bem, acelerou ainda mais.

Agora, nosso Engenho Central já conta com toda infraestrutura instalada: 20 mil2 de piso intertravado concluído, todo cabeamento subterrâneo, duas passarelas ligando-o à margem direita do rio Piracicaba, o Armazém Henfil que abriga o Salão Internacional do Humor cuja sede administrativa está no Armazém Eugênio Nardin, o Teatro Erotídes de Campos e a primeira célula do Museu da Cana. O projeto agora vai deslanchar com o avanço na implantação do nosso VER de Museu e da Sustentabilidade, resgatando um pouco de nossa economia e da nossa história. Parabéns a todos que contribuíram para chegarmos até aqui.

 

Assina Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba 

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