Agradeço mais uma vez estar
aqui para falar um pouco sobre cultura, dar algumas sugestões e fazer
comparações entre personagens seguindo a obra de Rogério Athayde “Exu e o
mentiroso”.
As principais
características da cultura afro-brasileira são expressas em diversificados
aspectos com elementos culturais presentes em todo o território brasileiro.
Conquanto, que pese a enorme capilaridade cuja as contribuições dos povos
africanos estão para a cultura brasileira, é fundamental destacar que sua
formação não se apresenta com formas idênticas em nosso vasto território
continental. As razões são derivadas do processo de exploração da mão de obra
escrava que não se deu de formas igualitárias nos rincões do nosso País.
Temos como exemplo: Bahia,
Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
São Paulo e Rio Grande do Sul são os estados que mais se utilizaram de pessoas
trazidas da África. Imperativo lembrar que tudo isso aconteceu durante o
processo de exploração da mão de obra escrava nos diferentes ciclos econômicos
do Brasil, como o ciclo da cana de açúcar, ciclo do café, ciclo do algodão e
outros. De tal modo, é sabido que nesses locais as principais características
da cultura afro-brasileira sejam mais fortes.
Posto isso, é imperativo
grifar em negrito que esses elementos estão presentes nas diversas expressões
da cultura. Por esta razão, ao apontarmos as principais características da
cultura afro-brasileira, é fundamental possuir a sensibilidade de reconhecer a
música, a dança, as crenças, as festas populares, a culinária e as religiões de
matriz africana desenvolvidas no país.
Assim, o escritor Rogério
Athayde destaca em sua obra alguns aspectos fundamentais para entender aquilo
que é oculto aos demais povos que compõem nosso grandioso e gigante caldeirão
cultural.
Em obra esclarece que Exu é
um orixá, “ninguém sabe o que é e o que são os orixás, mas pensamos que eles
são as forças encantadas da natureza, como o vento o rio, o mar, o ferro, a
prata, o ouro, a pedra, a folha e o fogo. Exu está em todas as coisas porque
ele é um movimento, Exu é a vida que as coisas têm, é quem põe tudo no mundo
para funcionar. Exu vive na velocidade da luz e do caramujo; na formiga
trabalhadeira e na preguiça do leão”.
No dialeto Yorùbá Exu quer
dizer “esfera”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. É filho de
Iemanjá e irmão de Ogun e Oxossi. Dos três é o mais agitado, capcioso,
inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre. É aquele que inventa histórias.
Amosú era um dos habitantes
do reino de Ondo e mentia muito, tal como um certo vereador do reino de
Piracicaba. Mentia tanto que sua aldeia ficou conhecida como o lugar da mentira
(Piracicaba).
O rei Abati-Alapá, que já o
havia advertido muitas vezes sobre seu comportamento, resolve punir Amosú de
forma exemplar. Antes de cumprir sua pena, Amosú encontra Exu disfarçado de
homem comum e relata o castigo que sofrerá por ter sido tão mentiroso durante
toda a vida. Penalizado com a situação, Exu resolve então ajudá-lo desde que
Amosú faça tudo o que ele disser.
Rogério Athayde escreveu
essa fábula sobre uma das mais populares e controvertidas figuras da
religiosidade africana. Em Exu e o Mentiroso ele nos fala de um orixá que está
sempre perto dos homens e pronto a ajudá-lo em suas dificuldades. Mesmo que
seja preciso parar o tempo. Com belas ilustrações de Clara Zúñiga, Exu e o
Mentiroso é uma bela carta de apresentação para quem quiser conhecer de verdade
a história dos orixás e um pouco da cultura afro-brasileira.
O vereador mentiroso, aqui
identificado como Amosú, o protagonista dessa história, achava que mentira não
tinha perna curta, e mentia tanto que ele mesmo acreditava nas mentiras. É
claro que isso não acabaria bem. Um dia, o rei Abati-Alapá, incomodado com a
repercussão das mentiras de Amosú, propôs-lhe um desafio de vida ou morte. Um
caso perdido que pode ter outro final graças a Exu, o orixá esperto e
brincalhão.
Alguns trechos do presente
texto foram retirados da sinopse do livro “Exu e o Mentiroso”, mas é uma obra
literária recomendada a todos que, por curiosidade ou vontade de aprender as
peripécias de Amasú, ficarão encantados como a cultura afro-brasileira é rica
em suas identidades e comparações.
Piracicaba hoje tem o
vereador Amasú e o final desta história de mentiras e propagações de injúrias e
difamações que lhe é peculiar será cobrado pelo Rei da província, não
precisaremos esperar muito tempo. Toda luz tem seus momentos de brilho e de
escuridão.
José Osmir Bertazzoni (63) Jornalista e Advogado
Olho da matéria
Amosú era um dos habitantes
do reino de Ondo e mentia muito, tal como o Vereador Laércio Trevisan do reino
de Piracicaba.