Greta Thunberg discursa na conferência Youth4Climate pré-COP26 em Milão, Itália, em 28 de setembro de 2021- Foto: REUTERS - FLAVIO LO SCALZO
“Chega de promessas
bonitas, palavras vazias.” Os embaixadores da juventude pediram nesta
terça-feira (28) aos líderes do mundo que “despertem” e levem a sério a crise
climática, a um mês da 26ª Conferência sobre o Clima da ONU.
“É tudo que escutamos
da parte de nossos ditos dirigentes: palavras. Palavras que soam bem, mas que
não levam a nenhuma ação. Nossas esperanças e nossos sonhos afogados em suas
palavras e suas promessas vazias”, disse a militante sueca Greta Thunberg entre
aplausos de jovens do mundo inteiro, reunidos em Milão para a conferência
Youth4Climate: driving ambition.
“Não existe plano B, e
não há planeta blá blá blá, economia verde blá blá, neutralidade
carbono em 2050 blá blá”, acrescentou denunciando “trinta anos de
blá blá” dos dirigentes do mundo e a “traição das gerações atuais e
futuras”.
Os 400 jovens com
idades entre 15 e 29 anos, vindos de 200 países e selecionados pela ONU entre
quase 9.000 candidaturas, estão reunidos até quinta-feira (30) para elaborar
uma visão comum da crise climática e das ações prioritárias a serem realizadas.
A declaração final da conferência será submetida a cerca de 50 ministros reunidos para preparar a COP26 de novembro, em Glasgow.
“Eu escuto vocês (…) Nós queremos escutar suas
ideias criativas e ambiciosas”, disse o presidente britânico da COP26, Alok
Sharma, em um vídeo. “No começo do mês, uma pesquisa com jovens mostrou que
mais da metade deles têm medo de que a humanidade esteja condenada.
Francamente, eu sinto vergonha por minha geração”, acrescentou.
“Mas hoje, os dirigentes mundiais têm a ocasião
de se corrigir, de se comprometer de maneira ambiciosa”, acrescentou,
referindo-se ao objetivo ideal do Acordo de Paris de limitar o aumento das
temperaturas da terra a 1,5°C em relação à era pré-industrial.
Palavras vazias
Mas não é certo que a juventude seja convencida
por estas palavras. “Eles convidam os jovens escolhidos a reuniões como
esta e fingem nos escutar, mas não é verdade, eles não nos escutam, eles nunca
escutaram”, respondeu Thunberg na abertura da conferência.
“Já é tempo que nossos dirigentes acordem, é
tempo que nossos dirigentes parem de falar e começem a agir, é
tempo para os poluidores pagarem, é tempo de cumprirem as promessas”, disse a
militante de Uganda Vanessa Nakate, citando os “sofrimentos” enfrentados
pela África, Ásia e no Pacífico pelos povos menos responsáveis pelo aquecimento
global. “Já é hora, já é hora, já é hora. E não esqueçam de escutar os que são
mais vulneráveis”, repetiu ela.
Enquanto as catástrofes climáticas aumentam, os
compromissos dos Estados não estão sempre a altura para respeitar os objetivos
do Acordo do Paris de limitar o aumento das temperaturas da Terra. Segundo
a última avaliação da ONU publicada em setembro, o mundo se dirige para um
aquecimento “catastrófico” de 2,7°C.