Foto - Evaristo Sá/AFP
A partir da indicação de Michele, pedidos furaram a fila dos interessados nos empréstimos do banco e passaram a ter um tratamento diferenciado.
A Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu investigar a atuação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para liberar empréstimos da Caixa Econômica Federal a empresários próximos da família presidencial. A informação é do repórter Patrik Camporez, da revista Crusoé.
De acordo com o MPF, a investigação do caso vai ocorrer dentro de um procedimento já aberto contra Pedro Guimarães, para investigar suposta pressão política do presidente da CEF sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A primeira-dama teria agido juntamente à presidência da Caixa Econômica Federal para favorecer empresas de amigos, por meio de financiamentos oferecidos pelo banco estatal. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (1º/10) pela revista Crusoé, que teve acesso a documentos e e-mails com uma lista de indicados.
A reportagem aponta que, por meio de seu gabinete, Michelle teria enviado pedidos para que a Caixa atendesse a um grupo de empresas interessadas, todas elas ligadas a um círculo de pessoas próximas da família presidencial.
A primeira-dama teria mandando e-mails e conversado com o presidente do banco, Pedro Guimarães, para que os pedidos fossem atendidos, o que fere princípios de impessoalidade da administração pública.
Com a indicação, os pedidos começaram a furar a fila de empresários interessados em empréstimos do banco, com um tratamento diferenciado. O sistema de controle da própria Caixa detectou um “fato estranho”, segundo a Crusoé. Foi realizada uma auditoria, que identificou a sigla PEP (acrônimo para ‘pessoa exposta politicamente’), chegando até a lista de indicações de Michelle.
A lista de empresários atendidos incluía uma confeiteira, uma cabeleireira e até um promoter. Também estava na lista uma florista que atende a primeira-dama, além de empresários do ramo da moda que contam com a divulgação de suas marcas por meio da família do presidente.
Ainda segundo a revista, a maioria das operações de empréstimo aconteceu em uma agência de Taguatinga, cidade administrativa do Distrito Federal, após o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, encaminhar as demandas da primeira-dama.
Facilitadores
A mulher do presidente teria tido ajuda dos assessores de Pedro Guimarães, que atuaram como facilitadores da aprovação das empresas no programa. “A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e, conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia um e-mail enviado por uma assessora especial em 20 de maio de 2020.
As mensagens do gabinete da primeira-dama não indicavam a qual operação de crédito os empresários estavam interessados, mas todos acabaram incluídos no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Segundo o repórter Patrik Camporez, da Crusoé, a Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu investigar a atuação de Michelle junto à Caixa Econômica Federal. De acordo com o MPF, a investigação do caso vai ocorrer dentro de um procedimento já aberto contra Pedro Guimarães, para investigar suposta pressão política do presidente da CEF sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).