Prefeito Luciano Almeida no 7 de Setembro, discursando em frente ao Centro Cívico - Foto: Cláudio Franchi/ Arquivo Rádio Metropolitana.
Sempre que há mudanças políticas numa cidade, a princípio, os moradores derrotados na escolha do candidato que então assume a prefeitura, ou olham ressabiados o eleito, ou o enchem de críticas antes mesmo que ele consiga assumir a função. Não é o caso do que vem ocorrendo nestes nove últimos meses em Piracicaba.
Venham ou não de opositores de Luciano Almeida, o prefeito eleito, é impossível dizer que as críticas representam falta de isenção ou mero partidarismo político. Vivo nesta cidade desde os anos 1980 e não me lembro de ter visto escolha tão equivocada neste período como aquela que levou Luciano à prefeitura. Hoje, por mais que se tente, fica difícil encontrar ao menos um ponto a elogiar na atual gestão. Por mais que se busque, não se encontra algo que não seja motivo de dúvidas e críticas. Por mais que se pretenda respeitar o tempo necessário a qualquer prefeito para entender o mecanismo administrativo, não há resquício de competência, familiaridade ou clareza da função nestes nove meses de 2021. Parece no dia a dia faltar liderança, planos consistentes e viáveis, clareza política, capacidade de diálogo, respeito à comunidade nas posturas do Executivo.
Luciano segue sendo identificado pelas composições dúbias com o pior da direita e pelo que vem sendo capaz de destruir – ora, dirão alguns, por que surpresa? Não é isso que também vem acontecendo no Brasil, com Bolsonaro? Ocorre que Luciano não foi eleito a partir de um perfil de alguém tosco, sem qualquer formação, com um histórico que antecipadamente permitisse prever posturas ignorantes, de desrespeito à cultura, de visão limitada e comprometida. A cidade, há muito comprometida com seu conservadorismo político, justificou sua escolha, entre outros argumentos, pela origem do candidato – educado, estudado, de relacionamento amplo no mundo dos negócios, de uma família com histórico de sucesso . Mas, convenhamos, Luciano acabou eleito muito mais porque a cidade não queria dar mais um mandato ao prefeito anterior, Barjas Negri, liderança desgastada por processos judiciais e uma permanência no poder, para muitos, longa demais.
Não sou daquelas figuras ufanistas que sempre acharam a cidade mais do que especial. Em minha opinião, Piracicaba tem méritos, tem problemas, teve significativo desenvolvimento, afastou-se dos mais carentes nas últimas décadas com sua política liberal, tornou-se referência em alguns setores, teve planejamento e foco, mas moldou sua personalidade nos compromissos do PSDB ao longo de décadas. Tudo somado, buscou-se o novo, que se apresentava com o nome de Luciano Almeida.
Por enquanto, a convicção que fica é que escolhê-lo como prefeito foi uma opção pior. Tomara o tempo mostre que seus equívocos mais visíveis, como a mudança da Pinacoteca, da biblioteca, o fechamento do Observatório Astronômico – para ficar apenas no mais visível aos olhos de qualquer um - não sejam apenas o início de um projeto mais amplo de, como bom discípulo do governo federal, buscar muito mais destruir o que já se tinha ao invés de acrescentar. Por enquanto, fica difícil acreditar.
Artigo assinado pela Jornalista Beatriz Vicentini.
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