Foto: © UNICEF/Anush Babajanyan/VII Photo - Uma jovem do Cazaquistão, que faz tratamento para stress e ansiedade.
A pandemia de Covid-19 deixou
claro que cada vez mais pessoas precisam receber tratamento de
saúde mental. Mas um novo relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS,
destaca um “cenário decepcionante no mundo”, com os pacientes não
tendo acesso a um apoio tão necessário.
O Atlas da Saúde Mental, publicado pela agência esta sexta-feira, inclui dados de 171 países. O diretor-geral da OMS declarou “ser extremamente preocupante que apesar do aumento evidente da necessidade de serviços de saúde mental, as boas intenções não representam investimentos” financeiros.
Falta de progressos
Hand-in-Hand/Ami Vitale - A OMS promove uma abordagem centrada na pessoa e baseada nos direitos para os cuidados de saúde mental.
Em
Genebra, Tedros Ghebreyesus pediu “ação diante deste alerta e
para acelerar os investimentos de forma dramática, pois não há
saúde sem saúde mental.”
O Atlas informa que em média, apenas 2% dos orçamentos dos
governos para o setor da saúde são reservados a serviços de
saúde mental.
Segundo a OMS, quase nenhuma das metas para o setor foram atingidas, incluindo liderança eficiente, fornecimento de serviços médicos em comunidades e ações de promoção e prevenção de problemas de saúde mental.
Redução dos suicídios
OMS - Para cada suicídio, aproximadamente 135 pessoas ficam de luto.
No ano passado, apenas 51% dos
países-membros da OMS informaram que tinham políticas de saúde mental que
estavam de acordo com normas internacionais de direitos humanos, bem
abaixo da meta de 80%.
A OMS destaca ainda que apenas 52% das 194
nações tinham programas de prevenção e de promoção da saúde
mental. A única meta atingida foi uma redução de 10% no índice de suicídio, mas
ainda assim, apenas 35 países confirmaram ter uma estratégia de
prevenção.
Outro dado realçado no relatório é o fornecimento de medicamentos e de tratamento psicosocial em serviços primários de saúde continuam limitados. Apenas 25% dos países já integraram tratamentos de saúde mental em cuidados primários.
Longo caminho
Unicef /Anush Babajanyan
VII Photo - Segundo o Unicef, em
situações extremas, o cyberbullying pode levar ao suicídio.
Unicef /Anush Babajanyan VII Photo - Segundo o Unicef, em situações extremas, o cyberbullying pode levar ao suicídio.
Por outro lado, cresce o número de nações onde
o tratamento de condições severas de saúde mental já está incluído nos seguros
nacionais de saúde ou em esquemas de reembolso.
O documento da OMS sublinha que nos países de
renda alta, o total de trabalhadores no setor de saúde mental para cada 100 mil
habitantes chega a ser 40 vezes maior do que os funcionários dedicados em
países de baixa renda.
Ao lançar o Atlas, a OMS aproveitou para
ampliar, até 2030, o período para cumprimento de metas do
setor.
A diretora do Departamento de Saúde Mental da
OMS, Dévora Kestel, salienta que ainda há um “longo caminho a
percorrer para garantir que todas as pessoas, em todos os lugares, tenham
acesso a cuidados de saúde mental de qualidade.”