Foto: Cláudio Franchi/ Studio A/ Rádio Metropolitana

Na sexta-feira, 29 de outubro, a Diretoria Estadual Colegiada da APEOESP se reuniu para debater as dificuldades e desafios que vem sendo enfrentados pelo magistério no último período, repleto de ataques aos direitos dos servidores públicos e da população.

Entre tantas questões importantes, destacou-se, mais uma vez, a continuidade da luta incondicional da nossa entidade em defesa da vida, que vem sendo sistematicamente colocada em risco pela irresponsabilidade e negacionismo de governantes da esfera federal e estadual.

De que falem discursos exaltando a vida, se a prática aponta em sentido contrário? De que valem declarações de compromisso com o futuro de crianças e jovens, se tomam-se decisões que os colocam em situação de perigo, ao determinarem a volta em massa às aulas presenciais em escolas que não possuem condições adequadas para garantir a segurança sanitária face a um vírus que já provou ao longo de um ano e meio sua transmissibilidade e letalidade?

É justamente isso que o governador João Doria e o secretário da Educação, Rossieli Soares, estão fazendo com nossas crianças neste momento. Do alto de seu autoritarismo, decidiram que todos devem retornar às escolas em 3 de novembro, sem distanciamento social, sugerindo e incentivando a aglomeração em salas de aula que já demonstraram serem inadequadas nesta situação de pandemia, salas apertadas, sem ventilação, com vitrôs emperrados, em escolas sem número suficiente de banheiros e, muitas vezes, sem funcionários suficientes para manter a limpeza.

Essas crianças menores não foram vacinadas. Estão vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus e, mesmo assintomáticas, poderão leva-lo para suas casas, onde pais, mães, avôs, avós, tios, tias, pessoas de mais idade e com comorbidades poderão ser infectadas. Ora, sabemos que nas pessoas idosas a vacina perde eficácia mais rapidamente e precisam tomar a terceira dose. Ainda que possa não ocorrer óbito, a covid 19 pode provocar graves sequelas e comprometer de forma irremediável a saúde de muitas pessoas.

Por isso, a APEOESP está iniciando a campanha Estudantes sem vacina não voltam às aulas presenciais, para alertar e sensibilizar pais, mães e responsáveis para que preservem a saúde de seus filhos e filhas menores, ainda não vacinados, mantendo-os estudando em casa e exigindo das escolas e das autoridades que prossigam com as aulas e atividades remotas. Assim estou agindo para proteger minha filha Maria Manuela. Só voltará à escola após completar o ciclo vacinal e com garantia de segurança sanitária.

Devemos lembrar que o próprio secretário da Educação reconhece que apenas 24% das escolas têm condições de assegurar algum tipo de segurança sanitária. Como as famílias podem arriscar a saúde e a vida de suas crianças e demais membros numa situação como essa? Aliás, é importante lembrar também que o governo Doria gastou apenas 24% do dinheiro destinado a reformas e melhorias estruturais nas escolas estaduais.

Reafirmo: nossa luta incondicional é em defesa da vida. Se 92% dos profissionais da educação já foram vacinados foi graças à iniciativa da APEOESP de cobrar do governo que fossem vacinados com prioridade. Hoje, estamos lutando para que seja aplicada a terceira dose para reforçar o ciclo vacinal. Ofícios neste sentido foram enviados ao governador e aos secretários da Educação e da Saúde.

Não fosse essa luta do nosso sindicato, as consequências poderia ter sido trágicas, face à volta às escolas que ocorreu apesar de todos os nossos esforços, inclusive na esfera judicial.

Também quero deixar muito claro: decretos municipais que normatizam as aulas presenciais prevalecem sobre decretos e normas estaduais. Assim, os diretores e conselheiros da APEOESP em todo o estado prosseguirão conversando com prefeitos e secretários municipais da Educação e da Saúde para que sejam publicados decretos que preservem a vida, mantenham atividades remotas e não cedam à irresponsável obrigatoriedade de aulas presenciais sem segurança sanitária.

Professora Bebel é presidenta da Apeoesp, deputada estadual pelo PT e líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo

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