Ela vai ocupar a cadeira do acadêmico Affonso Arinos de Melo Franco - Foto: REUTERS/ Carlo Allegri
A Academia
Brasileira de Letras (ABL) elegeu hoje (4) a atriz Fernanda Montenegro para a
cadeira 17, na sucessão do acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello
Franco, morto no dia 15 de março do ano passado. Fernanda era candidata única à
vaga e foi eleita por 32 dos 35 votos.
O presidente
da ABL, Marco Lucchesi, comemorou a eleição da dama do teatro nacional para a
instituição. “É um momento importante, primeiro pela renovação que se dá com a
eleição na Academia Brasileira de Letras. É um sinal de novos horizontes. Isso
é sempre importante. Por outro lado, Fernanda é uma grande intelectual, uma
representante importante da cultura brasileira. Ela já é parte do imaginário de
nosso país e, de alguma forma, ela talvez nos obrigue a aumentar as cadeiras de
40 para 80. Se trouxer todas as personagens que amamos, vamos ter que dobrar o
número de cadeiras [da ABL]. Então, vamos ficar com ela, que vale muito”, disse
Lucchesi.
Os ocupantes
anteriores da cadeira 17 foram Sílvio Romero (fundador), Osório Duque-Estrada,
Roquette-Pinto, Álvaro Lins e Antonio Houaiss.
Permanecem
vagas ainda as cadeiras 20, do jornalista Murilo Melo Filho, morto no dia 27 de
maio de 2020; a 12, do professor Alfredo Bosi, morto no dia 7 de abril de 2021;
a 39, do vice-presidente da República Marco Maciel, morto no dia 12 de junho
deste ano; e a cadeira 2, ocupada pelo professor Tarcísio Padilha, que morreu
no dia 9 de setembro.
Fernanda
Montenegro
Fernanda
Montenegro, nome artístico de Arlette Pinheiro Monteiro Torre, nasceu em 16 de
outubro de 1929, no bairro do Campinho, zona norte do Rio de Janeiro. Atuou em
um palco pela primeira vez aos 8 anos de idade, para participar de uma peça na
igreja. Sua estreia oficial no teatro, entretanto, ocorreu em dezembro de 1950,
ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo 3.200 Metros de Altitude,
de Julian Luchaire.
Na TV Tupi,
participou, durante dois anos, de cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva
do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro. Ganhou o prêmio de
Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu
trabalho em Está Lá Fora um Inspetor, de J.B. Priestley, e Loucuras
do Imperador, de Paulo Magalhães.
Mudou-se para
São Paulo em 1954, onde fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC). Com o marido, formou sua própria companhia, o
Teatro dos Sete – acompanhada também de Sergio Britto, Ítalo Rossi, Gianni
Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto de Almeida. A estreia da companhia
fez sucesso com a peça O Mambembe (1959), de Artur Azevedo, atraindo
centenas de espectadores ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1963,
estreou na TV Rio, com as novelas Amor Não é Amor e A Morta sem
Espelho, ambas de Nelson Rodrigues. Nesse período, na recém-criada TV Globo,
participou da série de teleteatro 4 no Teatro (1965), dirigida por Sérgio
Britto. Em 1967, também integrou o elenco da TV Excelsior, interpretando a
personagem Lisa, em Redenção, de Raimundo Lopes.
Ao longo da
carreira, Fernanda participou também de minisséries como Riacho Doce (1990), Incidente
em Antares (1994), O Auto da Compadecida (1999) e Hoje é
Dia de Maria (2005).
Em 1999,
Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode
receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito
“pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”. Na
época, uma exposição no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro,
comemorou os 50 anos de carreira da atriz. Em 2004, aos 75 anos, recebeu o
prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova York, por sua atuação
em O Outro Lado da Rua, de Marcos Bernstein.
Fernanda
Montenegro completou 92 anos de idade no dia 16 de outubro. Considerada uma das
melhores atrizes do Brasil, Fernanda foi a primeira latino-americana e a única
brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz por seu trabalho em Central
do Brasil (1998). Foi, ainda, a primeira brasileira a ganhar o Emmy
Internacional na categoria de melhor atriz pela atuação na série Doce de Mãe,
da TV Globo, em 2013.
Edição: Fernando Fraga
Fonte: Agência Brasil