Foto: Fabrice Desmonts

Integrantes visitaram, na tarde desta terça-feira (16), córrego na região do Parque Orlanda e foram, de surpresa, à ETE do Bela Vista.

Os integrantes da CPI do Semae visitaram, na tarde desta terça-feira (17), o Córrego das Ondas, em dois locais na região do Parque Orlanda: o primeiro ponto, ao longo da avenida Bebedouro, no bairro Jardim Maria Helena, e o segundo na esquina entre a rua Carlos Sachs e Jorge Anéfalos, onde encontraram descarte irregular de esgoto.

Com forte odor e lodo bastante visível no córrego, foram captadas amostras de água nestas regiões, que, mais tarde serão encaminhadas para análise em laboratório, com o objetivo de averiguar a quantidade de coliformes fecais existentes nos mananciais. A preocupação é saber se há esgoto in natura sendo despejado e, caso isso esteja ocorrendo, por qual motivo isso acontece, já que a região tem rede de captação.

"Existe uma informação que é constantemente divulgada, de que a cidade conta com 100% de tratamento do esgoto que é coletado. No caso destes locais, aqui é uma região em que existe a rede de captação, mas, mesmo assim, é possível que esteja sendo despejado no córrego", disse Rai de Almeida (PT), presidente da CPI.

A parlamentar destacou que ainda não é possível trabalhar com afirmações, mas o trabalho da CPI do Semae requer fiscalização nos locais de onde são encaminhadas denúncias sobre possíveis irregularidades. "A Mirante, responsável pelo esgoto, não está sendo investigada, mas o Semae, sim, e ele deve fazer essa fiscalização", disse.

Relator da CPI do Semae, o vereador Anilton Rissato (Patriota) disse que o objetivo da comissão é visitar outros locais em que também existem denúncias sobre despejo irregular, como no Córrego do Enxofre e no Ribeirão do Piracicamirim. "Se existe um contrato que determina o tratamento de 100% do esgoto que é coletado, então é preciso entender porque nestes locais, onde há rede, ainda existe despejo", disse.

Ele lembrou ainda que, conforme o contrato da PPP, assinado pela Prefeitura de Piracicaba, a cada R$ 1 pago pelo contribuinte pela água, outro R$ 1 é cobrado pelo tratamento de esgoto. "Então, presume-se que esse serviço esteja sendo realizado, então, por isso precisamos entender o que está acontecendo", destacou.

O vereador Thiago Ribeiro (PSC), que é membro da comissão, também acompanhou as fiscalizações e destacou que, ainda, não é possível fazer afirmações, mas é preciso verificar as diversas denúncias que são feitas. "Visivelmente, há despejo de esgoto nestes locais e os moradores reclamam do mau cheiro", observou, ao enfatizar que a CPI deverá pedir prorrogação do prazo para que o trabalho possa ser concluído.

ETE BELA VISTA – Os integrantes da comissão também visitaram de surpresa a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Bela Vista. "O nosso objetivo foi chegar desta forma, para que pudéssemos saber como funciona esse empreendimento", disse a vereadora Rai ao supervisor de operações da Mirante, Andrei Souza, responsável por acompanhar o grupo por uma visita.

Na ocasião, os vereadores conheceram todo o sistema de captação do esgoto feito na ETE Bela Vista, onde, inicialmente, tem o filtro de "sujeira sólida", como areia, cabelos, entre outros resíduos. Na sequência, visitam os tanques de decantação, onde a matéria orgânica é retirada da água que, por fim, fica apta a ser novamente despejada no rio Piracicaba. O lodo é encaminhado ao aterro em Rio das Pedras.

"Foi uma visita importante, onde pudemos conhecer melhor o funcionamento da ETE Bela Vista, mas entendemos que ainda deveremos voltar outras vezes, quem sabe até com técnicos que possam mais detalhes sobre como é o trabalho aqui", disse Rai.

CPI DO SEMAE – Instaurada na Câmara para apurar possíveis irregularidades na autarquia, a CPI tem realizado diligências para entender quais motivos levaram à degradação da situação financeira do Semae, sobretudo depois da assinatura da PPP (Parceria Público-Privada) com a empresa Mirante, do grupo AEGEA.

Recentemente, o Legislativo aprovou que o Executivo disponibilize R$ 22 milhões no Orçamento para que a autarquia possa cumprir com suas obrigações financeiras e o atual presidente do Semae, Mauricio Oliveira, já afirmou que será necessário a busca de um financiamento para que possam ser realizados investimentos.

Por conta desta situação, a CPI do Semae passou também a verificar a situação do tratamento de esgoto, já que, atualmente, a autarquia é responsável por realizar os repasses para a empresa concessionária do serviço no Município.

Ainda sem prazo para finalização, a presidente da CPI, Rai de Almeida, destacou que vai elaborar requerimento para pedir a prorrogação por mais 120 dias dos trabalhos. "Precisamos de mais tempo para tirar as nossas conclusões", declarou.

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