Foto: Divulgação
Usina São José S/A Açúcar e
Álcool foi multada após evento que causou a mortandade de mais de 235 mil
espécimes de peixes e atingiu área de proteção ambiental.
A Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB) finalizou nesta sexta-feira (19) o laudo técnico
que fundamenta o auto de infração responsabilizando a Usina São José S/A Açúcar
e Álcool pelo derramamento de resíduos da cana-de-açúcar com alta carga
orgânica. O incidente resultou na morte de mais de 235 mil espécimes de peixes
(em estimativas conservadoras) na região urbana de Piracicaba em 7 de julho e
na Área de Proteção Ambiental (APA) Tanquã em 15 de julho.
A CETESB identificou a relação
direta entre o extravasamento de substância poluente (águas residuárias do
processo industrial e mel de cana-de-açúcar) pela usina e os dois episódios de
mortandade de peixes. A pena aplicada à empresa tem agravantes como omissão
sobre o extravasamento de substância poluidora, o alto volume de peixes mortos
e atingimento de área de proteção ambiental, somando o montante de R$18
milhões. Além da multa a CETESB estabelecerá exigências técnicas e medidas
corretivas por parte da usina.
No extravasamento das águas
residuárias, no dia 7, foi arrastado para o Ribeirão Tijuco Preto mel de
cana-de-açúcar, substância densa, de difícil diluição na água. O mel foi
encontrado cristalizado em uma das vistorias na Usina São José. O PH do
ribeirão, entre 07 e 08 de Julho, ficou ácido (passando de 7,4pH para 5,4pH),
comportamento característico de quando há presença de resíduos de açúcar em
água. Essa alta carga orgânica foi levada para o Rio Piracicaba, reduzindo o
nível de oxigenação da água, chegando a zero, e inviabilizando a vida aquática.
Essa carga orgânica, de alta densidade, foi arrastada pelo curso do rio até o
Tanquã, onde por características do local, se acumulou, causando assim novo
evento de mortandade no dia 15.
“A CETESB agiu com prontidão
desde os primeiros relatos de mortandade de peixe no Rio Piracicaba. A equipe
da Agência Ambiental local realizou inspeções e coletas, localizou a fonte
poluidora e garantiu que mais nenhum resíduo fosse extravasado”, explica Mayla
Fukushima, diretora-presidente em exercício da CETESB. “O resultado das
análises laboratoriais coletadas, das investigações e inspeções realizadas não
deixam dúvida sobre a relação entre o extravasamento de material poluente da
Usina São José e os episódios de mortandade de peixes que aconteceram nos dias
07 e 15 de julho”, finaliza.
> Ações Imediatas e Medidas
Adotadas - A CETESB agiu prontamente após receber, no dia 07 de julho,
denúncias sobre o odor alterado do Rio Piracicaba e a mortandade de peixes,
enviando equipes técnicas para coleta de amostras e vistorias. Em seguida, solicitou
à empresa concessionária da UHE Salto Grande, em Americana, o aumento do
vertimento de águas do reservatório, contribuindo para a diluição da carga
poluidora.
No dia 08 de julho, a CETESB
localizou a fonte poluidora, interrompeu o descarte irregular de resíduos
industriais e iniciou análises das amostras coletadas iniciando a apuração do
ocorrido para definição das medidas administrativas.
A CETESB continuou com o
monitoramento da qualidade da água do Rio Piracicaba e no dia 15, em novo
evento de mortandade de peixes no Tanquã, coletou novas amostras de água em
diversos pontos. No dia 17, com auxílio de imagens de drone e satélite, a equipe
técnica iniciou as estimativas para quantificar o número de animais mortos e
iniciou as tratativas para retirada das carcaças, com o objetivo de interromper
a contaminação do local.
Operação Pindi-Pará -
Coordenada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Infraestrutura e
Logística, por meio da Polícia Ambiental e envolvendo as vinculadas Fundação
Florestal e Cetesb, a operação realizará a retirada contínua de peixes mortos
que ainda estão no Tanquã. A força-tarefa se soma a outras ações de
monitoramento e limpeza já conduzidas em parceria com a prefeitura desde que
foi deflagrado o crime ambiental.
Texto: CETESB
Publicação: Enzo Oliveira/ MTV