Foto: Danilo Telles/ MTV
Cerca de um mês após a
catástrofe ambiental que resultou na morte de aproximadamente 253 mil peixes ao
longo de 70 quilômetros do Rio Piracicaba, pescadores da região do Tanquã
continuam sentindo os impactos da tragédia, ocorrida no dia 7 de julho. O cenário
devastador que antes se via, com toneladas de peixes mortos nas margens do rio
e em áreas alagadas, já não é mais tão visível. No entanto, as dificuldades
enfrentadas por esses trabalhadores são palpáveis, principalmente no que tange
à sua subsistência e à burocracia relacionada ao recebimento de cestas básicas.
A morte em massa dos peixes
foi atribuída ao despejo irregular de resíduos agroindustriais por uma usina de
açúcar e álcool, conforme indicado pela CETESB. A empresa responsável foi
multada em R$ 18 milhões, mas continua suas operações e não reconhece sua
responsabilidade pelo ocorrido.
Segundo o G1 Piracicaba,
pescadores locais, como Paraná, relembram a abundância da fauna aquática antes
da tragédia. "Foi uma cena muito triste. Não apenas triste, mas que afeta
toda a cadeia do meio ambiente", lamentou. Ele recorda que, em dias
anteriores à mortandade, conseguia capturar até 100 quilos de peixes. Bruno
Henrique Zacarias também comentou sobre os efeitos da mortandade em seu
trabalho, ressaltando que agora precisa se deslocar 20 quilômetros a mais para
pescar, resultando em uma captura média de apenas 20 quilos. "O custo
aumentou. Antes, gastávamos cinco ou seis litros de gasolina; agora é cerca de
15 ou 20", explicou.
Segundo o G1, a situação
tornou-se ainda mais complicada em relação à venda dos peixes, já que a
confiança dos consumidores foi abalada. "É difícil de vender, mesmo
explicando que os peixes são de baixa contaminação. As pessoas não querem saber",
lamentou Nivaldo Albino Siqueira. A pescadora Andrea Veronez descreveu o
ocorrido como "uma tragédia ambiental para a natureza e aos nossos olhos
também".
Além das dificuldades na
pesca, os ribeirinhos também enfrentam obstáculos para acessar as cestas
básicas prometidas pela administração municipal. Gian Carlos Machado expressou
sua insatisfação com a burocracia necessária para se cadastrar e retirar a cesta.
Ele relatou que, apesar da definição de um auxílio emergencial após a
mortandade, a realidade foi a oferta de cestas básicas até o fim do ano,
exigindo múltiplos cadastros e o comparecimento ao CRAS da Vila Rezende.
A prefeitura anunciou que
organizou uma reunião com pescadores e representantes de suas coordenações,
decidindo pela distribuição de cestas básicas para os pescadores cadastrados.
Atualmente, cerca de 24 profissionais estão registrados, mas o processo de
cadastramento ainda está em andamento. A distribuição das cestas começará nesta
quinta-feira (8), com a administração municipal buscando ativamente o
cadastramento de pescadores afetados. Além disso, prometeu apoio a famílias
impactadas pela mortandade, facilitando o acesso a programas sociais como o
Bolsa Família e outras iniciativas governamentais.
Texto: Danilo Telles/ MTV
Publicação: Enzo Oliveira/ MTV