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Sociais
PM foi denunciado por dois
homicídios e três tentativas de homicídio, já que outras três pessoas ficaram
feridas. Defesa sustenta que ele não foi autor de todos os disparos.
O júri do policial militar,
Leandro Henrique Pereira, acusado de matar duas pessoas e deixar outras três
feridas ao realizar disparos com uma arma durante um show sertanejo na cidade,
em novembro de 2022, foi cancelado após desentendimento no plenário do Fórum de
Piracicaba (SP) na manhã desta quinta-feira (19). Julgamento já teve outros
três adiamentos. A sessão iniciada por volta das 9h desta quinta-feira foi
cancelada após o magistrado que presidia o júri determinar a proibição da
gravação do julgamento. A defesa do policial afirmou que faria o registro.
Em nota, o Tribunal de Justiça
afirmou que:
"O júri não se realizou
em razão de insistência da defesa do réu em desrespeitar decisão judicial que,
com base na LGPD, não permitiu a gravação do julgamento por outras pessoas.
Após regularização dos autos, serão tomadas as devidas providências com relação
à conduta do advogado. Ainda não há nova data para o julgamento",
especificou no documento.
Promotoria
O promotor de Justiça, Aluísio
Antonio Maciel Neto, lamentou o ocorrido, negou qualquer ofensa à defesa e
afirmou que não vai se pronunciar sobre o ocorrido e expressou solidariedade
aos familiares das vítimas.
O promotor afirmou que
"está tudo registrado em ata e na gravação oficial do Poder Judiciário,
documentos que servirão para as providências necessárias nas esferas cabíveis”,
disse.
Neto ainda afirmou, em
pronunciamento ao g1, que não iniciou nenhuma discussão. "O juiz tomou uma
decisão e eles passaram a confrontá-lo. Em seguida, o advogado passa a me
ofender [...]", relatou.
"Lamento, mais uma vez, o
adiamento do julgamento pelo comportamento desrespeitoso dos advogados perante
o Poder Judiciário, tão logo a sessão de julgamento foi instalada. Não me
pronunciarei sobre o ocorrido, pois os fatos estão devidamente relatados no
processo, foram filmados oficialmente pelo Poder Judiciário e testemunhados por
diversas pessoas que assistiam ao julgamento. No mais, aguardo a oportunidade
de conseguir a realização desse julgamento, em respeito aos familiares das
vítimas, que são as pessoas que sofrem com a ausência de resposta do Estado a
crimes tão bárbaros e covardes", afirmou em trecho da nota enviada ao g1.
"Tudo o que aconteceu
está na ata. Ela foi feita duas vezes. Na primeira, os advogados leram,
concordaram e assinaram. Quando veio pra eu assinar, vi que o advogado havia me
acusado de chamá-lo de ex-presidiário. Imediatamente, pedi a palavra e disse
que não assinaria aquela ata porque não havia pronunciado aquela palavra ao
advogado. Questionei aos policiais militares que estavam presentes e nenhum
deles disse que ouviu essa palavra. Consignei o nome de todos. Apenas não
poderia ficar calado diante de mais uma tentativa de denegrir a minha imagem,
como esses advogados têm feito nos últimos meses. Estou no Ministério Público
há 18 anos, e atuo no Tribunal do Júri de Piracicaba há 11 anos, onde todos
podem acompanhar diariamente o meu trabalho e jamais aceitarei condutas
criminosas como as que estão ocorrendo ao longo desse processo",
acrescentou.
Defesa do PM
Também em nota, enviada à
EPTV, afiliada da Globo para Piracicaba e região, a defesa do policial militar
Leandro Henrique Pereira afirmou que foi prejudicada.
"A defesa [...] se
manifesta no sentido de que novamente foi prejudicada pelo juízo e pela
acusação. No início da sessão o juiz presidente determinou que ninguém poderia
gravar o julgamento, e que tomaria as medidas policiais contra quem o fizesse. A
defesa se manifestou afirmando que gravaria o áudio conforme a lei permite, que
juntaria a íntegra da gravação após o julgamento. O juiz afirmou que não
iniciaria a sessão e que cancelaria a mesma.
"O promotor se dirigiu ao
advogado Mauro Ribas e o chamou de ex-presidiário, iniciando uma discussão
acalorada, que houve necessidade de intervenção da Policia Militar. A defesa
repudia o ocorrido, que só atrapalha e desrespeita a busca por justiça das
famílias da vítima e do próprio réu", declarou.
Adiamentos
O julgamento já teve três
adiamentos, e o último ocorreu após uma confusão entre defesa e acusação, já em
plenário.
Crime
O caso aconteceu em um evento
no Parque Unileste e os tiros disparados mataram Leonardo Victor Cardoso, de 25
anos, e Heloíse Magalhães Capatto, de 23 anos. Além disso, ficaram feridas
pelos tiros outras três pessoas de 20, 21 e 27 anos.
A Justiça determinou que o PM
deve ser julgado por dois homicídios com quatro qualificadoras e por três
tentativas de homicídio.
Tese da defesa
Advogado do réu, Mauro da
Costa Ribas Junior afirmou ao g1 que um parecer feito por peritos particulares
que a defesa anexou ao processo aponta que Pereira não foi autor de todos os
disparos.
"A defesa vai comprovar
em plenário, mediante prova pericial e testemunhas, que o Leandro disparou
apenas contra a vítima Leonardo, que estava tentando tomar a arma dele, que
estava agredindo no momento que foram efetuados os disparos", argumentou.
Ele também afirma que havia
outro atirador no local, que foi "acobertado" pela Polícia Civil.
"E a gente vai provar isso em plenário", completou.
Outros policiais
Além do policial acusado de
fazer os disparos, o MP-SP também denunciou por prevaricação um amigo dele e
sua esposa, que também são policiais e estavam no local, por não realizarem
suas funções e o prenderem. O amigo ainda foi denunciado por auxiliá-lo na fuga
do evento, mas fez um acordo judicial e teve seu caso arquivado.
Já a esposa de Pereira foi
absolvida em agosto, mas o Ministério Público entrou com recurso da decisão e o
caso tramita na Justiça. Anteriormente na ação, o crime pelo qual ela era
acusada já tinha sido considerado de menor potencial ofensivo pelo magistrado.
Intervenção em briga e
'empurra-empurra'
De acordo com a denúncia do
MP, os disparos foram realizados após Leonardo, uma das vítimas, intervir em
uma briga entre o PM de 25 anos, um amigo seu e uma terceira pessoa.
Já a Divisão Especializada em
Investigações Criminais (Deic) concluiu que o motivo dos disparos foi um
desentendimento após um empurra-empurra no show. Ao finalizar a investigação, a
corporação pediu a prisão preventiva do policial militar que efetuou os tiros.
Por ser integrante de uma
força de segurança pública, a Polícia Militar, o acusado tinha porte de arma em
qualquer lugar de todo território nacional.
Correria e desespero
Imagens publicadas em redes
sociais mostram o momento dos tiros e quando começa a confusão e correria no
evento (veja no vídeo acima).
Nas imagens é possível ver os
dois artistas no palco, cantando o refrão de uma música. Em seguida ouvem-se os
barulhos dos tiros. Em um dos vídeos, uma pessoa que estava no local identifica
o som "É tiro, é tiro". Em seguida começa uma confusão e a imagem é
encerrada.
Texto: G1 Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira |
MTV