O ex-ministro da Saúde no
governo de Fernando Henrique Cardoso, Barjas Negri, participou de um encontro
na segunda-feira (2), em São Paulo, promovido pelo Instituto Todos pela Saúde
(ITpS). O evento reuniu ex-ministros da Saúde e a atual ministra, Nísia Trindade
de Lima, para debater temas relevantes na área. Além de Barjas Negri, marcaram
presença os ex-ministros Alceni Guerra (governo Fernando Collor), Saraiva
Felipe, José Agenor Álvares, José Gomes Temporão (governo Luiz Inácio Lula da
Silva) e Luiz Henrique Mandetta (governo Jair Bolsonaro). Humberto Costa
(governo Luiz Inácio Lula da Silva) e Marcelo Castro (governo Dilma Rousseff)
participaram do evento por meio de vídeo.
O tema do evento:
“Experiências em emergências de saúde pública, preparação para novas crises e
institucionalidades possíveis” contou com 60 convidados, a ministra Nísia
Trindade, e os ex-ministros relataram suas experiências nos enfrentamentos das
epidemias das épocas.
Barjas Negri relembra sua
atuação no Ministério da Saúde
"Durante minha gestão no
Ministério da Saúde, tive a honra de desempenhar um papel significativo na
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Foi um período desafiador, de
transição, em que enfrentamos grandes obstáculos na saúde pública do Brasil.
Apesar disso, consegui dar continuidade à expansão do Programa Saúde da Família
(PSF), que estava se consolidando como uma das principais estratégias para
ampliar a atenção básica no país. O foco do programa era a prevenção e a
promoção da saúde, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social, onde
essas ações eram mais necessárias”, detalhou.
“No que diz respeito aos
medicamentos, trabalhei para fortalecer o programa de genéricos, uma iniciativa
importante que foi iniciada por José Serra, meu antecessor no Ministério. Nosso
objetivo era claro: ampliar o acesso da população a medicamentos mais baratos e
eficazes, contribuindo para a saúde das pessoas e para o alívio no bolso das
famílias mais necessitadas”, mencionou.
“Também dediquei esforços para
melhorar a infraestrutura do SUS e fortalecer políticas públicas que
aumentassem a eficiência do sistema. Sabia que era fundamental reduzir as
desigualdades no acesso aos serviços de saúde, garantindo que todos os
brasileiros, independentemente de sua condição social, tivessem acesso a um
atendimento digno”, disse.
“Durante esse período,
enfrentamos surtos de doenças e emergências sanitárias, situações que exigiram
uma resposta rápida e coordenada. Foi um trabalho árduo, mas conseguimos
mobilizar equipes e recursos para enfrentar essas crises de forma eficaz. Além disso,
busquei parcerias estratégicas com organismos internacionais e instituições
nacionais. Essas alianças foram fundamentais para reforçar a capacidade técnica
e financeira do sistema de saúde brasileiro”, contou.
Barjas Negri deixou o
Ministério da Saúde em 2003, com o início do governo de Luiz Inácio Lula da
Silva. “Saí com a certeza de que entreguei resultados e contribui para
fortalecer o SUS, algo de que me orgulho muito. Minha gestão ajudou a
consolidar uma reputação de comprometimento e eficiência na administração
pública, especialmente na área da saúde. Depois disso, voltei a atuar na
política local em Piracicaba, como prefeito, para continuar trabalhando pelo
bem-estar das pessoas e pelo desenvolvimento da nossa cidade”, finalizou.
Debates sobre a estrutura da
Saúde no Brasil
Os ex-ministros também
refletiram sobre os desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19.
Marcelo Castro criticou a gestão de Jair Bolsonaro, afirmando que a demissão de
Luiz Henrique Mandetta marcou o início de uma negação ao aprendizado acumulado
pelo país em saúde pública.
Mandetta destacou a
necessidade de um arcabouço legal que permita ações mais rápidas em emergências
sanitárias, apontando dificuldades como a ausência de recursos emergenciais no
orçamento e a relutância de técnicos em assinar decisões cruciais.
“Foi um apagão de caneta. Em
todo o período, eu assinei tudo pessoalmente para garantir que as ações fossem
realizadas”, relatou Mandetta.
Sugestões para o futuro da
saúde pública no Brasil
A atual ministra, Nísia
Trindade, defendeu a criação de um programa de ação para preparar o país para
novas pandemias, mas não descartou a possibilidade de mudanças legais sugeridas
pelos ex-ministros.
O evento reforçou a
necessidade de ajustes estruturais e legais no sistema de saúde brasileiro, com
consenso entre os participantes de que o país precisa de mais autonomia e
recursos para enfrentar futuras crises sanitárias.
Texto: Assessoria
Publicação: Enzo Oliveira |
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