Uma liminar concedida pela Justiça de
Piracicaba pode agravar a falta de água na cidade e cortar até 30% da produção
diária do Semae, prejudicando moradores de todos os bairros da cidade. A ação
foi promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente
(Gaema), do Ministério Público, que há mais de cinco anos tenta impedir que os resíduos
das Estações de Tratamento de Água Luiz de Queiroz I e II sejam lançados
diretamente no Rio Piracicaba. O problema é que os prazos e medidas exigidos na
ação devem obrigar a Prefeitura a paralisar as duas unidades, que respondem por
cerca de 30% do fornecimento de água em Piracicaba.
De acordo com a liminar, o Poder
Público municipal tem um prazo de 15 dias, sob pena de multa diária de R$ 10
mil, para elaborar um Plano de Contingência e Racionamento, além de apresentar
um cronograma detalhado das ações a serem adotadas para a implantação de um
sistema definitivo de tratamento dos resíduos das Estações de Tratamento de
Água e Esgoto (ETAs) Luiz de Queiroz I e II, com início de operação até 31 de
março de 2026.
As ETAs, inauguradas em 2019, durante
o último ano da gestão Barjas Negri (PSDB), começaram a operar sem as licenças
obrigatórias emitidas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Desde então, já na gestão Luciano Almeida (PP), o Semae foi multado diversas
vezes devido à ausência de soluções para o problema.
Nos últimos meses foram realizadas
diversas reuniões com o Semae, mas as irregularidades permaneceram sem
resolução. Com isso, o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente
(Gaema) e a Promotoria de Justiça de Meio Ambiente de Piracicaba decidiram
mover a ação judicial.
A liminar é uma bomba-relógio que
será herdada pela administração do novo prefeito, Helinho Zanatta, que toma
posse no dia primeiro de janeiro. O prazo de 15 dias dado pela Justiça se
encerra assim que o novo prefeito assumir. O prefeito Luciano Almeida, que
perdeu a reeleição, teve quatro anos para resolver o problema e não resolveu. E
é impossível atender todas as exigências da Promotoria do Meio Ambiente na
primeira semana da nova gestão. É isso que faz a ameaça de paralisação da usina
ser real.
O prefeito eleito declarou que não
vai se manifestar até ter conhecimento de todas as medidas, logo após a posse.
Para sua equipe, a decisão mostra que Helinho estava certo ao falar, na
campanha, que era preciso “desenrolar o Semae”. Durante as eleições, Helinho
Zanatta destacou seu comprometimento em resolver o problema da falta de água no
município e já sinalizou empenho em buscar soluções duradouras para o descarte
irregular de resíduos e o desabastecimento de água que prejudica diariamente a
população.
Ele tem dito que “todos nós sabemos que não é viável resolver problemas estruturais antigos da noite para o dia”. Na sua equipe, a ordem é valorizar o Semae e recuperar a capacidade de investimento perdida desde a PPP do Esgoto, da gestão Barjas Negri, que tirou recursos da empresa. A atual gestão de Luciano Almeida pode recorrer e tentar suspender a decisão da Justiça, mas ainda não se manifestou.
Publicado por Danilo Telles | Jornalista da MTV