Nesta segunda-feira (9), os direitos das pessoas com deficiência sofreram um golpe em Piracicaba. O prefeito Luciano Almeida (PP) vetou integralmente o projeto de lei 240/2024, do vereador André Bandeira (PSDB), que previa a ampliação do uso do transporte público especial, o Elevar, para incluir atividades de lazer e esporte. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município, com justificativas que colocam o interesse público em segundo plano e ignoram o impacto social positivo da proposta.
O projeto tinha como objetivo
garantir que pessoas com deficiência severa, usuárias de cadeiras de rodas,
pudessem usufruir de direitos básicos como inclusão social e acesso a
atividades de lazer e esporte. Atualmente, o sistema Elevar é restrito a demandas
relacionadas a saúde, educação e trabalho.
"O lazer e o esporte
desempenham papéis fundamentais para a saúde mental, a socialização e a
participação ativa na comunidade. Não se trata de luxo, mas de direitos
previstos pela Constituição Federal", justificou André Bandeira no texto
do projeto.
Mesmo reconhecendo o mérito da
iniciativa, o prefeito Luciano Almeida fundamentou seu veto em supostos
problemas de inconstitucionalidade, ilegalidade e contrariedade ao interesse
público. Segundo a justificativa apresentada, a proposta não foi acompanhada
por estudos detalhados sobre o impacto financeiro ou pela observância das
disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal, que exige previsão orçamentária
para a criação de novas despesas.
A administração municipal
também argumentou que a implementação da medida poderia gerar um aumento de 13%
a 15% nos custos do sistema Elevar, de acordo com estudos da Semuttran, mesmo
considerando uma demanda estimada de apenas dois atendimentos semanais para
atividades de lazer e esporte.
Para Luciano Almeida, "a
criação de despesa nova deve estar acompanhada do atendimento às normas",
e o contrato vigente com a concessionária não prevê essa ampliação, o que
exigiria um reequilíbrio econômico-financeiro.
O vereador André Bandeira
rebateu com indignação as justificativas apresentadas. "É lamentável e
revoltante ver direitos básicos serem ignorados com argumentos puramente
técnicos e insensíveis. Estamos falando de pessoas que já enfrentam barreiras diárias
para participar da sociedade. Lazer e esporte não são privilégios, são
direitos. Negar isso é perpetuar o isolamento e a exclusão", afirmou.
André Bandeira destacou ainda
que o veto desconsidera o impacto social da medida e reforça a luta por
inclusão na cidade. "A falta de estudos que o prefeito menciona não pode
ser um empecilho para avançarmos na garantia de direitos. A proposta era simples,
não alterava a estrutura financeira do sistema de forma significativa e
promovia cidadania para quem mais precisa. É uma postura inaceitável e
desumana", afirmou.
O projeto, que passou por
todas as comissões da Câmara com pareceres favoráveis, ainda pode ser
resgatado. "A inclusão, o lazer e o esporte não podem ser vistos como
custos, mas como investimentos em dignidade e qualidade de vida. A Câmara agora
carrega a responsabilidade de corrigir essa injustiça e garantir que ninguém
fique para trás", disse o vereador.
Texto: Câmara Municipal de
Piracicaba
Publicação: Enzo Oliveira |
MTV