Foto: Enzo Oliveira/MTV
A Operação "Coffee Break", deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (12), desvendou um esquema sofisticado de fraudes em licitações de material escolar e kits de robótica em prefeituras do estado de São Paulo, que envolvia uma rede de lobistas, doleiros e agentes públicos. As investigações indicam superfaturamento de produtos em até 35 vezes.

Kalil Bittar - Foto: Reprodução
Entre os alvos e envolvidos no núcleo político do esquema estão Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Kalil Bittar, ex-sócio de um dos filhos do presidente. Seis pessoas foram presas preventivamente, incluindo o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB).

Carla Ariane Trindade - Foto: Portal On
A investigação da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que a organização criminosa era liderada por André Gonçalves Mariano, proprietário da empresa Life Tecnologia Educacional, sediada em Piracicaba. A empresa é acusada de gerar lucros ilícitos por meio de licitações superfaturadas, com mais de 305 transferências de prefeituras que somam R$ 128 milhões em entrada.

André Gonçavles Mariano - Foto: Polícia Federal
O esquema se dividia em três núcleos principais:
- Núcleo Empresarial: Liderado por André Mariano, era responsável pelo superfaturamento e pela lavagem do dinheiro. Mariano foi preso preventivamente.
- Núcleo Político/Lobista: Envolvia intermediadores que utilizavam sua influência para defender os interesses da Life em órgãos públicos federais, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e municipais.
- Carla Ariane Trindade (ex-nora de Lula) e Kalil Bittar (ex-sócio de filho de Lula) foram alvos de busca e apreensão. Kalil Bittar é apontado como figura central, tendo recebido pagamentos diretos e um carro de luxo de Mariano.
- O vice-prefeito e secretário de Governo de Hortolândia, Cafu César, preso preventivamente, é investigado por direcionar licitações e liberar pagamentos, com indícios de ter recebido R$ 2,4 milhões em propina.
- O secretário de Educação de Hortolândia, Fernando Gomes de Moraes, também foi preso preventivamente sob acusação de assinar atas e agilizar pagamentos em troca de propina.
- Núcleo de Lavagem de Dinheiro (Doleiros): Responsável por converter o dinheiro arrecadado em espécie para o pagamento de propinas, utilizando empresas de fachada. Os doleiros Eduardo Maculan e Abdalla Ahmad Fares foram presos preventivamente.
As prefeituras de Sumaré, Hortolândia, Limeira e Morungaba estão ligadas à maior parte dos desvios.

Cafu Cesar - Foto: Polícia Federal
A Operação Coffee Break cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão preventiva, sendo cinco prisões efetivadas. As ordens judiciais foram executadas em São Paulo, Distrito Federal e Paraná.
Os investigados poderão responder por crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa.

Mário Botion - Foto: Divulgação
O ex-prefeito de Limeira, Mario Botion — alvo da operação por contratos em sua gestão — alegou que a licitação junto à Life Educacional foi regular e transparente e que está à disposição para esclarecimento. A atual administração de Limeira informou que não renovou o contrato com a empresa nem fez pagamentos em 2025.
A Prefeitura de Hortolândia disse que aguarda o acesso aos autos para definir as medidas. A defesa do vice-prefeito Cafu César informou que irá ingressar com medidas para reverter a prisão preventiva após analisar o inquérito. A empresa Life Educacional optou por não se pronunciar.