Foto: Alesp
O Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo acatou ação proposta pela Apeoesp e suspendeu a implantação
do programa de escola cívico-militar do governo estadual na rede pública
estadual. A liminar com tutela antecipada, concedida pelo juiz relator Figueiredo
Gonçalves, de forma monocrática, foi comemorada pela segunda presidente
licenciada da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), que é contra
que o governo estadual utilize recursos da educação pública para contratação de
militares da reserva para atuarem nas escolas da rede estadual de ensino.
Na sua decisão, proferida
nesta quarta-feira, dia sete de agosto, o juiz relator diz que está suspenso a
implantação do programa até que seja julgado a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIN) que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STF).
Para a Apeoesp, as “escolas cívico-militares” atentam contra a missão e
as finalidades da vida escolar, ao impor aos estudantes normas típicas da
disciplina militar e uma padronização de comportamento pessoal e até mesmo de
vestuário. A entidade defende a convivência escolar com a liberdade de
expressão, a tolerância, a troca de experiências e a livre manifestação da
individualidade humana e que são princípios constitucionais a liberdade de
ensinar e aprender e a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas, além da
gestão democrática.
De acordo com Bebel, o
governador Tarcísio de Freitas é contraditório, uma vez que ao mesmo tempo que
quer reduzir de 30% para 25% o percentual a ser aplicado do orçamento
estadual na educação pública estadual ainda quer utilizar recursos da área para
pagar militares da reserva para atuarem nas escolas. Bebel defende que ao invés
de o governo contratar militares da reserva, pagando salário de R$ 9 mil
mensais, maior do que o recebido pela maioria dos professores, deveriam ser
contratados inspetores de alunos e pagar um salário digno. Atualmente, a
maioria das escolas estaduais estão sem funcionários, porque o governo estadual
não faz concurso para contratá-los.
Para Bebel, se já é
absurda a presença de militares, ainda que aposentados, dentro das escolas,
mais ainda a usurpação do papel educativo que é prerrogativa dos professores
nas unidades escolares. “O que se pretende é a formatação de mentes e a disseminação
de um pensamento único, militarista, em um ambiente que não assegura os
princípios constitucionais da liberdade de ensinar e aprender, gestão
democrática e pluralidade de ideias e concepções pedagógicas”, diz a deputada
que é especialista em educação, ressaltando que se o governo estadual quer
implantar escolas com disciplina militar que o faça com recursos próprios e dê
a oportunidade de os estudantes escolherem aonde desejam estudar e não impor a
escola quartel para todos.
Texto: Vanderlei Zampaulo/
Assessoria Parlamentar
Publicação: Enzo Oliveira/ MTV