Foto: Danilo Telles | MTV
O Instituto Vox Brasil,
responsável por conduzir pesquisas eleitorais em diversas cidades do estado de
São Paulo, está no centro de um debate acerca da confiabilidade e da
metodologia de seus levantamentos. Recentes decisões judiciais e representações
protocoladas em diferentes municípios têm gerado sérias dúvidas sobre a
legitimidade das pesquisas realizadas pelo Instituto.
Uma decisão liminar do
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou a remoção de um
vídeo publicado pelo ex-prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi. No vídeo,
Volpi acusava o pré-candidato Gabriel Roncon de contratar uma pesquisa de intenção
de votos de forma fraudulenta. A juíza eleitoral Dra. Maria Carolina Marques
Caro Quintiliano, responsável pela decisão, observou que o conteúdo estava fora
de contexto, uma vez que a pesquisa havia sido custeada pelo próprio Instituto
Vox Brasil, conforme registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Sumaré, o TRE-SP também
impugnou uma pesquisa do Instituto que pretendia medir a preferência dos
eleitores entre possíveis pré-candidatos a prefeito. A juíza Roberta Steindorff
Malheiros decidiu suspender a divulgação dos resultados com base em uma liminar.
Ela apontou que a pesquisa apresentava “vícios” de apuração e estava “eivada de
ilegalidades que prejudicariam sua legitimidade.”
Além disso, em Rio Claro, o
Instituto enfrenta questionamentos após divulgar uma pesquisa que indicava uma
vantagem significativa do prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) em relação a
outros pré-candidatos. Essa pesquisa, assim como outras realizadas em diferentes
cidades paulista, foi autofinanciada pelo Instituto, o que gerou desconfianças.
Representações foram protocoladas na Justiça Eleitoral em municípios como
Piracicaba, Valinhos e Santos, levantando questionamentos sobre a isenção e a
veracidade dos resultados apresentados.
A Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa (Abep) expressou preocupação com o aumento de pesquisas
autofinanciadas, alertando que elas podem ser interpretadas como instrumentos
de publicidade política. João Francisco Meira, membro do conselho superior da
Abep, ressaltou a necessidade de cautela ao avaliar esses levantamentos, que,
em alguns casos, têm sido realizados por empresas com vínculos em outros
setores, comprometendo sua imparcialidade.
Em Francisco Morato, a Justiça
Eleitoral determinou a suspensão imediata da divulgação de uma pesquisa do
Instituto Vox Brasil, registrada sob o número SP-00467/2024, que seria
divulgada no dia 10 de setembro de 2024 e referia-se à disputa pela Prefeitura
da cidade. A decisão foi tomada em resposta a uma impugnação apresentada pela
coligação “A Força da Mudança”, que alegou irregularidades na amostragem
utilizada.
A coligação, composta por sete
partidos (PDT, PP, MDB, PRD, PODE, DC e Mobiliza), contestou o critério de
renda utilizado na pesquisa, que dividiu os entrevistados em quatro categorias:
“até 2 salários mínimos,” “2 a 5 salários mínimos,” “5 a 10 salários mínimos” e
“acima de 10 salários mínimos.” Segundo eles, os dados, baseados no Censo do
IBGE, não refletem adequadamente o perfil socioeconômico da população local e
divergem das categorias recomendadas pelo TSE.
De acordo com a coligação,
93,42% dos lares entrevistados possuem renda de até dois salários mínimos, o
que, segundo eles, não corresponde à realidade do eleitorado de Francisco
Morato, comprometendo a representatividade da pesquisa. O Ministério Público
Eleitoral também apoiou a suspensão da divulgação dos dados.
Na decisão, o juiz entendeu
que as alegações apresentadas pela coligação e os documentos anexados à petição
inicial indicam "a probabilidade do direito e o perigo de dano." O
magistrado destacou que as divergências na amostragem poderiam "gerar
grandes distorções nos resultados" e influenciar a percepção da opinião
pública em pleno período eleitoral.
Além de suspender a divulgação
da pesquisa, o juiz ordenou que o Instituto Vox Brasil fornecesse à coligação
acesso ao seu sistema interno de controle e fiscalização da coleta de dados. Em
caso de descumprimento, uma multa de R$ 10.000,00 foi estabelecida.
O Instituto também foi
responsável pela última pesquisa realizada em Franco da Rocha, cidade vizinha,
que apontou o candidato Bran Celeguim (PT) como líder nas intenções de voto
para a prefeitura. Até o momento, esse levantamento não sofreu impugnação.
As decisões referentes à
pesquisa de Francisco Morato são liminares e ainda cabem manifestações das
partes, além de nova análise pela Justiça Eleitoral. O caso seguirá para
posterior parecer do Ministério Público Eleitoral antes da sentença.
Em Piracicaba a VOX Brasil
realizou três pesquisas, sendo uma em abril, outra em agosto e agora em
setembro.
Texto: Da redação
Publicação: Enzo Oliveira |
MTV
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Em São Miguel Arcanjo essa mesma empresa registrou no TSE uma pesquisa fraudulenta também.